segunda-feira, 18 de junho de 2012

Tim Burton - um diretor polêmico (parte I)

SÉRIE: GRANDES NOMES

por Fargon Jinn

Em várias ocasiões fui interpelado por alguém, sobre algum filme de Tim Burton, no qual o incauto espectador reclama que o filme é depressivo e exagerado. Quando respondo, começo citando a quem pertence a autoria da obra. Noto, então, que no semblante do reclamante surge uma expressão mista de curiosidade e estranheza. Como se pensasse: “Mas, o que me interessa saber quem é esse sujeito? E quem é Tim Burton afinal?”. Aos poucos, com a conversa, estas feições vão se transformando, e um ar de entendimento e interesse vão surgindo.

Humildemente, gostaria de transmitir esta experiência aos amigos exploradores, neste artigo.

Vamos falar aqui de Tim Burton, mas só alguns aspectos deste nerdíssimo diretor de filmes peculiares e obscuros. Não é uma biografia, portanto. É mais uma análise que faço como fã que sou.

Ouço muita gente dizer que não suporta os filmes de Tim Burton e que não consegue entender como é que ele continua a fazer estes filmes se são tão ruins.

Um diretor nerd

Beetlejuice (Os Fantasmas se Divertem) 1988
A questão, exploradores, é que precisamos entender o todo antes de fazer um juízo preciso deste cineasta.

Em primeiro lugar, e provo, ele é um nerd no estrito senso da palavra. Um garoto que cresceu isolado na adolescência, introspectivo, cujo interesse era realizar filmes com Super 8 e VHS em stop motion e animação. Aluno medíocre, pintor e desenhista prolífico, cinéfilo inveterado, fã de filmes de terror da Hammer e filmes B de SciFi. CQD.

Batman 1989
Tim Burton vê o cinema como uma tela em branco, onde irá dar suas pinceladas usando como inspiração a sua história pessoal, seus sentimentos, sua visão de mundo e sua poesia interior. Para ele o mundo, a vida, é muito colorida, extremamente colorida, mas a nossa civilização consegue cobrir tudo com um véu que acinzenta as cores e obscurece as intenções. A humanidade é cheio de idiossincrasias, anacronismos, extremismos e dor. Por outro lado conseguimos nos abster de tudo isso e rir da própria ignorância. A fantasia também é um processo de fuga da realidade dolorida e deve ser explorada como um bálsamo para todas as horas.

Edward Mãos de Tesoura 1990
Se olharmos com cuidado veremos tudo isso em seus filmes, e nas pessoas com as quais se cerca. Veremos também que existe um número absurdo de pessoas que veem o mundo com esta mesma ótica, mesmo que não queiram admitir. A prova? Observem a arrecadação de seus filmes. Com poucas exceções, são tremendos sucessos de bilheteria. Seus DVD’s e Blurays estão nas boas posições de quaisquer listas de vendagens, em qualquer lugar. E seus filmes sempre são objetos de profundos debates. Existem tantos fãs quanto haters, e quase ninguém é indiferente aos seus trabalhos.

Há camadas em cada personagem

Batman Returns 1992
Mais ainda, vemos em seus trabalhos um conteúdo de profundidade em cada personagem. Cada um deles retrata características do próprio diretor que se projeta ou projeta pessoas importantes de sua vida. Não é tanto em relação aos diálogos, mas muito mais em relação à atitude de cada um. Assistir a seus filmes é, para mim, muito semelhante à experiência de ter assistido “Quero Ser John Malkovich”, que aliás é um excelente filme e que muito bem poderia ter sido feito por Tim Burton, vejo ali os mesmo traços.

Ainda hoje, Tim Burton, é uma pessoa intimista, com pouquíssimos amigos, de sua vida privada pouco se sabe. É teimoso, está sempre entrando em conflito com os estúdios e produtores, onde quase sempre vence. Só trabalha com quem quer, e gosta de trabalhar sempre com os mesmos. Fez poucos filmes, mas são todos muito marcantes. É um diretor cortejado pelos produtores, grandes estúdios, atores novos e atores velhos, atores de sucesso e atores que querem retornar ao sucesso.

Falaremos dos filmes

Nightmare Before Christmas 1993 - escrito e produzido por Tim Burton
No próximo artigo falaremos de vários (os mais importantes, pelo menos) de seus trabalhos como diretor. E de algumas interpretações de seu filmes, e de suas motivações e inspirações.

Os exploradores que gostam ou odeiam Tim Burton estão convidados desde já a enviar opiniões e argumentações para os seus trabalhos.

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