quarta-feira, 17 de agosto de 2011

James Bond – espião ou galã?


Esta é a primeira de uma quadrilogia de artigos
 escritos por Fargon Jinn e Fabok

Capas dos livros de Fleming



Em 1953, Ian Fleming criou um personagem que daria ao mundo um formato para o então obscuro mundo da espionagem.

Vivendo no pós-guerra e em plena guerra fria, o mundo experimentava o temor de um novo conflito. A situação, aos olhos dos homens comuns, beirava o desespero, num mundo no qual a energia nuclear poderia vir a ser usada sem escrúpulos.

Segredos de Estado estavam ameaçados em qualquer país. Termos como espionagem, contra-informação e agentes duplos, faziam parte do vernáculo dos tablóides e eram explorados pelos governantes para justificarem despesas em relação aos mecanismos de defesa, e ataques políticos contra pessoas ou nações.

Fleming foi um ex-agente do Serviço Secreto de Inteligência (SIS) ou MI6 (Military Intelligence section 6). Inspirando-se na vida de um agente duplo, o iugoslavo Dusko Popov, resolveu escrever um romance sobre espionagem, na qual haveria um glamour envolvendo a vida e o trabalho do agente secreto britânico James Bond e seus inimigos. O autor baseou-se no ornitólogo autor do livro Birds of the West Indies, para batizar o seu personagem.

Curiosamente, a denominação de agente ‘secreto’, foi sempre absurda no caso de Bond. Apenas as pessoas comuns não tinham conhecimento das atividades dos agentes naquele universo. Todos os demais envolvidos nos serviços de inteligência e espionagens tinham fichas completas de todos os agentes de campo, com informações que iam desde habilidades especiais, aparências, históricos, preferências, vícios mais incomuns e pontos fracos.

O espião recebia o chamado para dirigir-se ao MI6, e já estava sendo caçado pelos inimigos, por uma missão em que poderia ou não ser designado.

Ian Fleming
Ian Fleming
A grande sacada de Fleming, no entanto, foi o luxo, os carros, as mulheres, e as parafernálias tecnológicas das quais o agente se cercava para executar suas missões. Na verdade, mais parecia um galã do jetset artístico do que um espião, que deveria viver na obscuridade para coletar informações sem chamar atenção, ou assassinando pessoas importantes nos cenários político e estratégico.

007 é o código de James Bond, os dois zeros na frente do sete lhe garante o poder de matar, sem ser levado a julgamento. Um poder que nem juízes ou reis recebem. Mas este agente poderia decidir, baseado no seu ponto de vista, em que momento uma pessoa poderia ser assassinada.

Qual ser humano não trocaria de vida num piscar de olhos com uma pessoa com aquelas referências. Os agentes mais parecem saídos de agências de modelos masculinos. As mulheres sempre extremamente sedutoras, com corpos exuberantes e roupas absurdamente sexys e caras. Todos possuem recursos financeiros inesgotáveis, podem gozar de luxos obscenos em qualquer lugar do mundo. Os carros são extremamente chamativos e cheios de trucagens de todos os tipos, desde uma simples troca de placas automática, até a transformação em submarinos ou aviões. Os relógios, jóias e os ternos ou os vestidos sempre representam grifes de renome internacional.

Mas o melhor de tudo são os vilões. Estes é que realmente trabalham em sincronia para engrandecer tudo o que o agente Bond faz. Não são criminosos comuns, em geral eles planejam a dominação mundial, ou até mesmo o extermínio da população global. São geniais e muito ricos. Poderosos e influentes, curiosamente são desconhecidos por todos os envolvidos na investigação. Suas atividades passam despercebidas pelos serviços de inteligência dos países mais poderosos, e geralmente só acabam sendo detectados por um incidente pueril.


Mas o melhor destes nêmesis é a capacidade de síntese de todo o seu plano malévolo. E eles sempre resolvem exercer este dom após capturarem o nosso herói, prendendo-o a uma máquina que o matará dentro de um certo intervalo de tempo. Então todo o seu plano é revelado ao espião, que após sua fuga da morte ‘certa’ terá todas as informações necessárias para frustrar a maquinação do bandido asqueroso que, em geral, acaba assassinado pelo agente, ou morto por um rebote de sua própria maldade.

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