quarta-feira, 18 de abril de 2012

Mistérios do passado

SÉRIE: CRÔNICAS INSTIGANTES

por Fargon Jinn

Eu sempre ‘curti’ mistérios arqueológicos. Gostava muito de imaginar os fantásticos desenvolvimentos tecnológicos que teriam sido desenvolvidos por civilizações como os egípcios, os maias, os astecas, toltecas, babilônicos, persas, tibetanos, druidas, enfim, todas estes povos de antiga origem, e da qual pouco ou quase nada restou, ou aquelas que ainda estão por aí, como os chineses e gregos, mas que perderam grande parte de sua história, tiveram em seus passados, níveis de tecnologia e desenvolvimento espiritual que os permitiram alçar conhecimentos que hoje estariam irremediavelmente perdidos e totalmente fora de nosso alcance.

Cyrill Hoskins se dizia ser Lobsang
Rampa, um monge com poderes mentais
Os gregos alegaram grandes conquistas bélicas no passado, como o famoso fogo grego, que hoje em dia ninguém sabe exatamente como era feito, ou o uso de espelhos para fulminar uma armada em pleno porto, intensificando a luz do sol em escudos. Os chineses e seu taoismo, do qual grande parte de suas conquistas ‘alquímicas’, médicas e parapsicológicas se perderam. Do alegado poder parapsicológico dos monges tibetanos, do qual falava Cyril Hoskins, usando o seu pseudônimo Lobsang Rampa.

Muito se escreveu sobre estes assuntos e outros pseudoarqueológicos, como os livros do italiano Peter Kolosimo e os do suíço Erich von Däniken, o primeiro um jornalista e pesquisador, e o segundo, ladrão e um diagnosticado mitômano (compulsão obsessiva por mentira).

Stonehenge um preferido entre os arqueoastronomos
Alguns dos assuntos que mais me fascinavam eram Stonehenge, a lenda de Atlântida, os continentes perdidos de Mu e Lemúria e, claro, as pirâmides.

O que escrevo a seguir não tem o intuito de ser a única verdade. É apenas a minha verdade, aquilo que entendo como correto. Se alguém tem uma opinião contrária, é livre para fazer comentários ou escrever um artigo, que publicarei sem problema. Mas como dizia...

Alice no Pais das Maravilhas, muitas referências à vida
Todas estas grandes questões enchiam a minha mente e a minha imaginação. Há muito tempo, no entanto, estes conhecimentos saíram da minha seção de Mistérios Verdadeiros e foram para a de Devaneios Infanto-juvenis. Com muita leitura e desprendimento fui entendendo que tudo não passa de uma grande conspiração para se vender milhões de livros a curiosos e crentes fervorosos, de todas as faixas etárias e sociais pelo mundo inteiro. De real só existem os livros. Na verdade descobri que J. K. Rowling, J. R. R. Tolkien, Lewis Carroll e tantos outros autores de fantasia incluíam muito mais fatos em suas histórias, do que todos estes ‘cientistas’ detentores de conhecimentos exotéricos, colocavam de factóides em seus livros de fantasia.
Atena representa uma ciência questionadora

Recentemente resolvi dar uma olhada pela internet e ver o que se tem falado a respeito de alguns destes tópicos. E olha só que coisa interessante, amigos exploradores. Até hoje, a antropologia, a arqueologia, a história, a física e a biologia não conseguiram sequer qualquer prova ou indício de que hajam mistérios maiores por trás de todas estas lendárias teorias. Alguns podem dizer que a ciência é cega a estas proposições, por puro preconceito. Sim, já ouvi muito disso. Mas sempre lembro a estas pessoas que a ciência é cega apenas à fé. Ou seja, um cientista não pode usar fé como argumento ou ferramenta. Tudo deve ser colocado dentro do método e testado exaustivamente até que não restem dúvidas.

Big Bang a grande questão da ciência moderna
Assim como na matemática, dois e dois somados são quatro, em quaisquer condições de temperatura e pressão, todo o resto da ciência opera com estes mesmos postulados. Se algo é verdadeiro terá que o ser sempre, e resistir a todo tipo de teste e comprovação. Caso contrário jamais será aceito como ciência. Se uma proposição não pode ser comprovada, mas existem indícios, torna-se uma hipótese (hipótese do Big Bang), ao ser comprovada transforma-se em teoria (teoria da Relatividade). Aquilo que não consegue se refutar é lei (lei da ação e reação). Daquilo que só existem histórias, é fantasia ou lenda (lenda do santo graal).

Agora vamos ver algumas curiosidades?

Stonehenge, como supostamente teria sido
Stonehenge deve ter sido concluída entre 3.000 e 2.200 a.C e utilizaram-se as chamadas pedras azuis. O local mais próximo para extração destas pedras está a trezentos e sessenta quilômetros de distância, no País de Gales. Os monolitos maiores são as pedras Sarsen e o local de extração mais próximo está a cerca de quarenta quilômetros. A construção ocorreu em etapas e há indícios de que tenha sido iniciada em 8.000 a.C. Existem coincidências astronômicas, e por isso existem hipóteses de que tenha tido utilidade para o entendimento dos períodos de agricultura. Mas também há indícios de possível uso religioso. Não foram encontrados indícios de uso de magia ou tecnologia alienígena, então isso é mera fantasia.

Atlântida ainda mexe com a imaginação
Atlântida, relatada por Platão, foi fantasiosamente explicada por muita gente. Todos venderam livros e ‘documentários’ e estão bem ricos. Até hoje nunca surgiram indícios, sequer, de sua existência. E sem indícios, evidências ou comprovação tudo se torna pura especulação em cima do relato que Platão transcreveu.

Prova de Atlântida no Google Maps? Ruas com 1km de largura?
Em 2009, no entanto, o Google Maps mostrava em seus mapas uma região no fundo do mar, em que haveriam indícios de uma cidade, com ruas e quarteirões. Os ‘pesquisadores’ alegaram que aquilo estava batendo com todas as suas pesquisas e que, portanto, era a prova definitiva da existência de Atlântida. O Google foi rápido e firme em rebater os comentários, informando que tudo não passava de um glitch sensorial (um erro de leitura da análise das imagens dos satélites somadas a varreduras de sonares onde várias imagens são analisadas e utilizadas para obter-se uma foto confiável).

Imagem corrigida nas coordenadas 31 15'15.53N 24 15'30.53W.
Os crentes não ‘engoliram’ esta resposta e alegaram as conhecidas teorias das conspirações. Em fevereiro (2012) o Google fez uma revisão cartográfica e a Atlântida com quarteirões de oito quilômetros virou pequenas vilosidades submarinas iguais a muitas outras que existem. Ainda se parece com uma cidade de ruas gigantes, as larguras e comprimentos são absurdos, mas não é nada excepcional. Para os que apostam em teorias conspiratórias, porém, ela ainda está lá, apenas os dados foram falsificados.

O mundo é muito bonito, e cheio de coisas impressionantes. Mas nunca estamos satisfeitos, precisamos de mais. Harry Potter é um sucesso estrondoso por que nos fala de outro mundo que existe ao nosso lado, com maravilhas a serem descobertas. Mesmo sendo uma fantasia, nos faz querer que sejam reais. Receio que seja por isso que as pessoas acreditam com mais força em atlântidas e no poder das pirâmides do que no pouso da missão Apollo XI na Lua.

Por hoje é só, exploradores...

Um comentário:

  1. Bem bacana esse artigo. A difícil tarefa da ciencia em dismistificar mitos!

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