quarta-feira, 4 de abril de 2012

Procurando por vida alienígena


SÉRIE: CIÊNCIAS


por Fargon Jinn

Quantas 'Terras' podem existir?
É a Terra o único planeta do seu tipo, no universo? Ou existe algum outro lugar como este? Há vida além da Terra? A busca por vida alienígena é um dos maiores desafios tecnológicos que a humanidade tenta superar. Os cientistas continuamente buscam novos caminhos para encontrar tais respostas. Liderando as buscas estão sofisticadíssimos telescópios que fazem o sensoriamento do cosmos. Contamos, também, com uma armada de sondas robóticas que exploram os limites do Sistema Solar. Todos trabalham para revelarem os segredos de planetas, satélites, asteroides e cometas, como nunca ocorreu antes. A ciência trabalha para expandir os limites dos nossos sentidos e os limites de nossa capacidade física de chegar a estes lugares. Hoje podemos ir a lugares e ver coisas que de nenhuma outra forma poderíamos conseguir. As pesquisas nos mostram aspectos de mundos estranhos e que conseguem fugir aos conceitos de quaisquer expectativas.

A Sonda Cassini descobriu lagos de metano em Titã
No Sistema Solar, podemos encontrar locais com lagos, tempestades e chuvas. Lugares violentos que são alimentados por forças poderosas, ocultas profundamente em seus subsolos. Existem planetas a centenas de milhões de quilômetros do Sol que podem esconder oceanos inteiros, em estado líquido.

O ritmo das descobertas, somente nos últimos dois anos, é capaz de tirar a mente da realidade e nos lançar numa miríade de teorias imaginativas que, algumas vezes, podem não ser tão fantasiosas, afinal. E que acabam por ajudar a abrir perspectivas para a solução de alguns dos mais profundos mistérios.

Extremófilos de Rio Tinto (Espanha), águas ácidas
Extremófilos, formas de vida que surgem nos locais mais inesperados, como crateras vulcânicas, regiões de frio extremo, profundidades de doze mil metros no oceano, ou lagos ácidos e desertos tórridos, estão entre algumas destas descobertas desconcertantes. A cada dia biólogos e exploradores surgem com novas espécies, que sobrevivem e prosperam nas condições mais improváveis, lugares em que a ciência, sem exitar, apostaria todas as suas fichas na impossibilidade de existência de vida, até alguns anos atrás.

As perguntas agora não são mais, se devemos procurar planetas semelhantes à Terra, ou quais as condições ambientais mais prováveis para a existência de vida. Mas, quais as condições que, de fato, impossibilitam a vida? E esta, caros exploradores, é, sem dúvida, uma das mais difíceis de responder à luz das atuais descobertas científicas.

Um dos métodos de detecção de planetas extrassolares
Em 1988 a humanidade conseguiu atingir um novo marco na ciência: a descoberta confirmada do primeiro planeta extrassolar. Ou seja, o primeiro planeta, que orbita uma estrela que não é o Sol. Mais precisamente Gamma Cephei, uma constelação binária, a quarenta e cinco anos luz de distância de nós, pertencente à constelação Cepheus. Até 23 de março de 2012, foram confirmadas setecentos e sessenta e três descobertas de planetas, em setecentos e doze sistemas estelares diferentes. Nem mencionamos aqui o número de candidatos a serem confirmados em futuro próximo. Há pouco menos de um ano, a NASA confirmou uma descoberta do telescópio espacial Kepler, do primeiro planeta em zona habitável (zona em que poderia haver água em estado líquido). Isto não significa que poderia vir a ser usado como um segundo lar, por nós.

Alcance do telescópio espacial Kepler
A quantidade de descobertas é enorme, e ainda estamos explorando apenas a nossa vizinhança, num raio pouco maior que sessenta anos luz. Isto é só uma migalha para o tamanho de nossa galáxia (cento e vinte mil anos luz de diâmetro). Todos os dias, catálogos e publicações de astronomia tornam-se obsoletos. Não é mais possível impressão de nada que precise estar atualizado. Apenas os bancos de dados possuem a verdadeira situação do conhecimento astronômico, e precisaremos de décadas para estudar tudo o que foi obtido nos últimos vinte anos.

A solução para o mistério da vida fora de nosso mundo não deverá, portanto, demorar muito agora. A questão é se vamos conseguir notar os seus sutis sinais, dentro do enorme volume de conhecimento que estamos recebendo cotidianamente através dos “nossos sentidos ampliados".

Até agora tudo o que temos são planetas enormes, gigantes gasosos, muito perto ou muito longe de estrelas gigantes e extremamente quentes. A vida em tais lugares teria que ser microscópica. Talvez, vida desta forma, venhamos a descobrir aqui mesmo em nossos vizinhos, quem sabe em Titã (leia o excelente artigo do Fabok – Titã, a grande lua do Sistema Solar)? Mas com certeza essa será uma descoberta que redesenhará o universo como o conhecemos. Da filosofia à religião, da ciência ao misticismo, nada mais será o mesmo. Quem viver verá.

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