sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Gigantes de Aço

por Fargon Jinn

Primeira cena de impacto arrebata o espectador
Uma garotinha pergunta a Charlie – Aqui é que fica o Ambush?
E Charlie responde – Sim, Ambush está aqui! Aguarde um momento!
Em seguida um monstro maciço de aço oxidado e cheio de mossas se ergue com agilidade e começa a andar dentro do caminhão em direção ao grupo de meninas que aguardam na porta da carroceria.

Cartaz do filme com Ambush
Esta cena define o visual que teremos no filme. É realmente impressionante. Nada poderia ter me preparado para o que vi naquele momento. A realidade do que estava na tela me chocava. “Existem robôs gigantes. Existem de verdade!” Na minha mente não havia outro pensamento. O filme deixa esta sensação de que estas máquinas são verdadeiras. Não é possível para os nossos cérebros admitirem que aquelas cenas são animações em CGI e animatronics.

Por outro lado temos uma perfeita coleção de clichês. Praticamente não existe um diálogo que nos pegue desprevenidos. A cada fala, prevemos a seguinte. Os roteiristas John Gatins (direção de Dreamer: Ispired by a True Story - 2005) e Sheldon Turner (roteirista de O Massacre da Serra Elétrica - 2006 e X-Men: First Class - 2011) não conseguiram inovar em absolutamente nada. Uma pena, perderam uma excelente oportunidade.

Diretor Shawn Levy
Já o diretor Shawn Levy (Doze é Demais - 2003 e A Pantera Cor de Rosa - 2006) fez um excelente trabalho. O filme todo homenageia, sem ser piegas, Rocky Balboa e, por tabela, Silvester “Sly” Stalone em todos os seus filmes. As lutas são repetições do que tivemos de Rocky: Um Lutador até Rocky Balboa. As tomadas são extremamente bem coreografadas e absolutamente reais.

No desenvolvimento do drama, voltamos aqui aos clichês. Incrível como a Indústria não sabe mais fazer, ou tem medo, de dramas originais. Nunca mais se viu um Uma Linda Mulher (1990), Ghost: do Outro Lado da Vida (1990) ou Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (2004). Os relacionamentos, os conflitos e os desenvolvimentos de personagens estão plastificados e classificados. Os produtores, diretores e roteiristas não se arriscam mais, ou perderam a mão em meio a tantos remakes, reboots, sequels e prequels.

Dakota Goyo como Max Kenton
A revelação é o garotinho Dakota Goyo. Vamos torcer para que ele não acabe como tantos outros talentos infantis de Hollywood, alcoólatras e viciados em drogas, sem emprego e sem carreira. Mas aí vai uma ressalva ao papel desempenhado pelo guri: fizeram uma criança que não age como criança, mais sensata e inteligente que seu pai (Hugh Jackman) e a maioria dos adultos que conheço. Deveriam criar crianças que agem como crianças e não adultos mirins ou mestres zen. Isso já cansou.

Os cenários, a fotografia, os trabalhos de câmera, de som e edição também estão impecáveis. A trilha sonora de Danny Elfman está muito diferente de seu estilo normal mas não deixa a desejar.

O filme é baseado num conto de 1956, chamado Steel, de Richard Matheson (Eu Sou a Lenda - 1971/2007, O Incrível Homem que Encolheu - 1957, Em Algum Lugar do Passado – 1980, Jornada nas Estrelas: A Série Original – O Inimigo Interior – 1967, Kolchak e os Demônios da Noite – 1972, entre muuuuiiiito mais). Já houve um episódio de Além da Imaginação (1963), com o mesmo nome, que dramatizou esta narrativa. Shawn Levy e Spielberg (produtor executivo) resolveram retratar marcos simbólicos nostálgicos dos anos 50, como as feiras rurais, as feiras estatais, as lutas clandestinas, e todo o contexto e o visual do estilo conhecido como Americana. Desde o caminhão dirigido por Charlie até o figurino nos sentimos em casa, não tem nada de estranho, distópico ou que nos lance num futuro incerto. A história acontece em 2020, e todo o referencial é bem realista, contribuindo para a sensação de que tudo ali é verdadeiro e faz sentido.

O ator se vê como o personagem numa tela, enquanto o interpreta.
Os efeitos visuais foram desenvolvidos pela Legacy Effects (empresa do falecido Stan Winston – Terminator, Jurassic Park, Aliens, Predator, etc) sob o comando de Jason Matthews. Foram utilizadas as mesmas técnicas desenvolvidas para Avatar (2009), conhecida como Simulcam. E para as cenas estáticas, vinte e seis robôs em animatronics foram desenvolvidos para contracenarem com os astros. O resultado é no mínimo espetacular e no máximo completamente real.

Em suma, o filme é divertido, interessante, a narrativa flui com tranquilidade, quando o espectador se dá conta estamos nos créditos finais. Para quem conhece os filmes de Rocky não deixará de fazer as pontes, desde alguns diálogos até as cenas de box. Outras referências podem ser encontradas que remetem a filmes com temática semelhante, como Falcão – O Campeão dos Campeões (1987) e O Campeão (1979) de Franco Zefirelli.

Não percam Real Steel 2 - com novos e impressionantes FX
Por fim a DreamWork já anunciou que estão prontos para uma sequência. Estão aguardando o resultado da arrecadação e, conforme for, Gigantes de Aço 2 terá sinal verde. Hugh Jackman e Dakota Goyo já ficam confirmados para a segunda parte, mas será necessário encontrar um espaço na apertada agenda de Hugh, que para os próximos anos já está tomada.

Gigantes de Aço (Real Steel): 2011, EUA
Direção: Shawn Levy
Roteiro: John Gatins e Sheldon Turner
Elenco: Hugh Jackman, Dakota Goyo, Kevin Durand e Evangeline Lilly

Nossa avaliação:
Delta Shield-Ouro

2 comentários:

  1. Mais uma vez! Show de bola a matéria Fargon!
    Já estou "me coçando" para ir conferir mais esse filme, pois em um dos trailers, vi uma cena que deu a impressão de fazer referência a série "Transformers" de 1984. Um grande abraço! Rodrigo Alpoim.

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  2. Pois é Rodrigo, o filme é cheio de referências. Mas precisa ser um fã de Transformers para encontrar essa daí. Como nunca me liguei muito na série, essa me escapou. Mas se vc encontrar essa referência no filme, não deixe de fazer um coment aqui para nos dizer exatamente qual é. Grande abraço, e obrigado pelo comentário, amigo.
    Fargon Jinn

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