sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O Preço do Amanhã

por Fargon Jinn

Você pode imaginar o que seria a sua vida se soubesse que não poderia morrer por envelhecimento? Essa é a grande questão levantada por esse filme fantástico.

Aos vinte e cinco anos o seu organismo se estabiliza e você torna-se eterno. Mas como fica a superpopulação? Todos os dias nascendo pessoas e não morrendo mais. O mundo se tornaria inabitável em cerca de trinta ou quarenta anos. Os meios de produção utilizariam o limite de toda matéria prima nova ou reciclada. Talvez desenvolvêssemos alternativas. Mas como ficariam a água, o ar, as ruas, e tudo o mais?

Vive-se para o minuto de cada dia
A ciência, no filme, desenvolve um relógio genético. Todos os humanos nascem com ele, aos vinte e cinco ele começa a funcionar e a pessoa tem um ano de crédito a partir de então. A contagem regressiva inicia e, ao zerar do cronômetro seu coração para instantaneamente, sem dor.

Então, se você prestar trabalho ou vender coisas receberá créditos de tempo. Se comprar coisas ou serviços, fizer empréstimos, perderá tempo. O seu relógio é ajustado a cada transação. O tempo é a moeda. E aos vinte e cinco anos um cidadão já pode estar endividado de todo o seu tempo. Ao invés de um ano, no momento em que o relógio se ativa, você terá apenas alguns segundos. Alguém que seja rico pode viver por milhões de anos.

Repito a pergunta do início deste artigo: O que você faria de sua vida, o que aprenderia, como se divertiria, o que construiria, o que criaria, como se melhoraria, se tivesse vida eterna?

Nós, em geral, nos damos conta do tempo após os vinte e oito ou trinta anos. Até então muita gente sabe que precisa estudar e trabalhar, porque precisaremos de dinheiro para nossa velhice. Mas, de fato, tudo parece meio irreal. Aos dezessete anos parece-nos que aquilo que diz respeito ao tempo é muito demorado, e envelhecimento só ocorrerá em séculos. Com o passar dos anos vemos como estávamos enganados, as coisas acontecem muito antes do que supúnhamos e a idade nos assalta (essa é a palavra – assalto), e nos tira nossa juventude de um instante para outro.

Crédito de tempo
O filme ocorre num futuro próximo, 2161, e nos confronta com aspectos que eu nunca imaginei. Tais questionamentos em nossas mentes é algo absolutamente maravilhoso.



Andrew Niccol - Diretor e Escritor
Escrito e dirigido por Andrew Niccol, que já tem em sua filmografia obras primas como Gattaca (1997), Show de Truman (1998) e S1m0ne (2002), nos apresenta mais esta distopia de uma forma singela e criativa. Os diálogos, a atitude, a cenografia, a edição, a trilha sonora, enfim, tudo está exatamente na medida. Vemos aqui uma ficção científica hard, tal como vimos em Gattaca, algo absolutamente verossímil e introspectivo.

A narrativa é agradabilíssima e, aos poucos, vamos sendo introduzidos neste novo mundo sem estranheza e sem choques. A história é rápida sem aqueles lapsos contemplativos de filmes como Solaris (1968 e 2002) ou 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), por exemplo. O final nos chega cedo, bem quando ainda queríamos mais umas três horas de exibição.

Exemplo de cena bem projetada
O roteiro foge aos clichês, bem ao estilo Andrew Niccol. E as cenas de ação são leves mas reais, os pontos intensos são bem marcados e sem exageros, nada de slow motion ou multicam digital ring (efeito Matrix). Ou seja, não vamos assistir a um espetáculo de efeitos especiais, mas a um espetáculo que utiliza efeitos para dar consistência e relevância. Ali pode-se ver muita tomada de grua ou de tripé, sem abusar da steadycam. Nada contra um steadycam mas, às vezes, isso cansa.

Cillian Murphy como Guardião do Tempo
O ponto negativo fica para o elenco. Diria mal escolhido se não fosse por Cillian Murphy, o Espantalho de Batman Begins (2005), Olivia Wilde (Tron: Legacy – 2010) e Johnny Galecki, o Leonard Hofstadter de The Big Bang Theory. Todo o resto, a começar por Justin Timberlake (protagonista), careceu de uma maior dramaticidade. O que não é comum para este diretor que sabe muito bem como trabalhar atores. Desta vez, se não foi proposital, errou a mão.


Cillian Murphy, por sua vez, deu um show de talento e roubou o filme. Este ator é alguém que definitivamente deverá nos apresentar grandes trabalhos. Vamos acompanhar sua carreira com a devida atenção e ver no que ele se transformará se continuar crescendo assim.

Recomendo a todos este filme, é diversão garantida e digna de uma sala de cinema.

O Preço do Amanhã (In Time): 2011, EUA
Roteiro e direção: Andrew Niccol
Elenco: Justin Timberlake, Amanda Seyfried, Cillian Murphy, Olivia Wilde, Alex Pettyfer, Vincent Kartheiser e Johnny Galecki
Orçamento: US$40 milhões
Bilheteria: US$95 milhões

Nossa avaliação: 
Delta-Shield Diamante

2 comentários:

  1. Já tinha lido alguns comentários muito bons sobre este filme, e agora com essa resenha (ótima por sinal) resolvi que irei assistí-lo no cinema (fato raro, devido ao preço do bilhete e a qualidade dos filmes).

    ResponderExcluir
  2. Valeu grande amigo. Obrigado pelo comentário, e espero que o filme te agrade tanto quanto a mim. Abraços,
    Fargon Jinn

    ResponderExcluir