sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O túnel do tempo (parte I)

por Fagon Jinn
5º da série FC vs Ciência

Obra de H G Wells
H. G. Wells inovou quando elaborou a sua novela de ficção científica (mais para fantasia científica), A Máquina do Tempo (1895). Ali estava descrito pela primeira vez que o tempo poderia ser modificado por uma máquina. Até então, o homem só viajara através das eras por magia ou por dormir e acordar no futuro. Wells popularizou um tipo de cultura que faria escola. A viagem no tempo passou a ser vista como uma possibilidade real, e muita gente séria começou a se dedicar ao assunto.

Modelo do filme de 2002 (The Time Machine)
Esta é a primeira de três partes, nas quais trazemos para vocês exploradores, mais uma noção de separação entre o que é ciência verdadeira e o que é apenas imaginação dentro da absurda quantidade de histórias, boas e ruins, que permeiam o cinema, a literatura, os quadrinhos, etc. Queremos assim dar mais uma contribuição aos leitores e expectadores destas obras sobre o que podemos inferir sobre ciência, filosofia e licença poética. Queremos abrir estas discussões como um fórum, todos estão convidados a dar sua opinião e oferecer suas contribuições. Comentem.

Filosofia


Física e filosofia
Muitos metafísicos e filósofos extrapolam nas questões sobre o entendimento que temos do tempo. Alguns propõem que o tempo já exista em toda sua extensão, como uma reta que percorre do infinito passado ao futuro imensurável. Nós, nestas condições, apenas percorremos com nossas consciências instante a instante no intervalo que nos é devido. Sendo assim, para algumas das proposições não deve existir livre arbítrio, todos os nossos atos e pensamentos já existem, e não temos como modificar a cadeia de eventos. Seguimos aos acontecimentos como meros expectadores de um filme em que nossa imersão é completa.

Exemplo do filme Contra o Tempo (2011)
Outros sugerem que as nossas ações não estão congeladas, mas são probabilidades, e que podem ocorrer ou não de acordo com nossas atitudes e decisões no presente. Para alguns, estas novas ações coexistem com as probabilidades preexistentes, formando caminhos alternativos. Imaginem uma reta, nossa linha de tempo. Desta reta principal derivam outras retas que são as nossas mudanças de atitude. Dessas novas derivações outras surgem, e assim por diante. Nestas teorias, o tempo seria uma infinidade de retas, interligadas por decisões que tomamos a cada instante. Mas o que varia é que percorremos estes caminhos com nossas consciências. As retas (os caminhos do tempo) estão lá desde sempre, mas vamos mudando de linha temporal a cada mudança de decisão. Assim como vamos escolhendo nosso caminho através de um labirinto, podemos supor aonde vai dar, mas nunca temos certeza.

Denzel Washington em Déjà Vu (2006)
Para muitos a formação do tempo ocorre à medida que vai sendo percorrido. Neste cenário não poderíamos viajar no tempo. Se tentarmos voltar atrás, não existe espaço para nós, o tempo já passou e tudo ficou endurecido, a matéria, a energia, tudo. Não poderíamos estar naquele lugar. Não existiria espaço físico para nós. Assim só teríamos condição de ver fotos do passado, imagens através de um aparelho qualquer. E o futuro ainda não foi formado, então não podemos nos deslocar para frente, já que ele não existe.

O que a física propõe?


Série de 2010
Também é um emaranhado de suposições. Alguns dizem que poderíamos viajar no tempo através de buracos de minhoca. Alguns dizem que é uma questão de podermos viajar a velocidades relativísticas e então iríamos para o futuro. Outros estudam o tempo através da Mecânica Quântica. De fato, nada é teórico ou hipotético. Tudo não passa de suposição, especulação.

Proposta da máquina de Mallet
O que há de mais próximo de um equipamento que foge ao convencional da física foi desenvolvido por Ronald L. Mallet em 2006. Ele afirma ter criado um método de curvar o tempo e o espaço, no que poderia ser chamado de “O Verdadeiro Túnel do Tempo”. Esta máquina utilizará um feixe circular de laser, a luz que entrar por este equipamento percorrerá uma espiral que, matematicamente, altera os campos gravitacionais forte e fraco, produzindo um arrasto no fluxo temporal. Se a prática corresponder à teoria, poderemos descobrir se esta mudança do contínuo espaço-tempo dará a resposta definitiva sobre o que o tempo realmente é.

A ciência, a metafísica, a filosofia e a matemática são ferramentas usadas por pensadores sérios, imbuídos de tentar encontrar uma idéia sólida neste conjunto de sonhos e fantasias.

Na segunda parte deste assunto, falamos dos paradoxos relacionados às viagens temporais. Até lá...

2 comentários:

  1. Tenho a impressão, que viagens no tempo sejam anti-naturais, algo que afetaria o espaço-tempo em modo subatômico de modo que o próprio universo teria salvaguardas para evitá-las. Qual seria a salva-guarda? Do ponto em que o viajante alterou o fluxo temporal, surgeria um novo universo independente do anterior. Os possíveis viajantes temporais viajariam na realidade em universos paralelos... Viajei na maionese... mas acho que é isso.
    Até

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  2. Cara, gostei muito desta idéia de salva-guardas, só acho que para ser efetiva, a salva-guarda deveria impedir a alteração. O universo independente serviria para as histórias de FC. Viajei também?
    Abraços, e obrigado por acender a discussão.
    Fargon Jinn

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