quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Titã - a grande lua do Sistema Solar

por Fabok

Astronautas chineses
A exploração espacial se encontra em uma encruzilhada. Fazer ciência no espaço se tornou algo absurdamente caro nas últimas décadas. Hoje as únicas nações quem possuem a tecnologia de enviar o homem à órbita terrestre são a Rússia e China. Os EUA, desde que aposentaram os ônibus espaciais, não têm nem uma data para voltar a ter um programa tripulado.

Estação Espacial Internacional
Embora a ISS esteja no espaço e os chineses estejam começando a construir a sua própria estação espacial, os resultados das pesquisas desenvolvidas, mesmo que importantes, não trazem aos governos retorno financeiro suficiente para justificar os pesados investimentos necessários para desenvolver novas tecnologias para viagens espaciais. Hoje, nossa própria Lua nos parece mais distante que nos anos do projeto Apollo. Se fossem descobertos minerais preciosos ou coisa similar, com certeza teríamos colônias inteiras por lá.

Sonda Phoenix - Marte 2008
Nem mesmo uma missão tripulada a Marte parece despertar o interesse. Com certeza seria um dos maiores feitos da humanidade, mas no final tudo indica que o planeta vermelho seja um mundo estéril, sem vida, pobre em recursos minerais necessários para nosso modo de vida, e lá os astronautas ainda estariam sujeitos a uma intensa radiação solar, devido a sua fina atmosfera e um inexistente campo magnético. A verdade é que os bilhões investidos não trariam o retorno financeiro à altura.

Saturno
Qual seria o local, no Sistema Solar, que nos traria um retorno financeiro até maior que o gigantesco salto tecnológico que teríamos que dar para alcançá-lo? Uma opção seria Titã, em órbita de Saturno, o segundo maior satélite natural do nosso sistema. Do tamanho de Mercúrio, Titã foi visitado recentemente pela sonda Cassini-Huygens e deixou os cientistas extasiados.

O satélite possui uma topografia muito semelhante à da Terra. Sua superfície é composta de rochas e gelo. Além disso, até agora é o único corpo celeste conhecido por nós que, além da Terra, possui líquidos em sua superfície. Titã possui lagos e até oceanos de hidrocarbonetos, neste caso metano, em sua superfície. Sua atmosfera é muito semelhante ao que supostamente seria a da primitiva Terra, com uma diferença. Titã não possui vapor d'água, mas mesmo assim talvez haja formas de vida microscópicas por lá. Mas o mais importante é que sua atmosfera, composta de nitrogênio e hidrocarbonetos, é densa, cerca de 60% a mais que por aqui, o que permitiria a astronautas caminharem pelo planeta sem os pesados trajes pressurizados, apenas roupas com equipamento para respiração e proteção contra o frio extremo de -178 graus centígrados. Outra vantagem é que esta espessa atmosfera protegeria contra os efeitos da radiação solar.
Titã em três comprimentos de onda - fotografada pela sonda Cassini
A composição da superfície e da atmosfera do satélite poderiam ser utilizados para a produção de oxigênio, água e até mesmo fertilizantes, dando condições para a criação de uma colônia auto-sustentável, já que nosso planeta estaria muito distante.

Cientificamente falando, Titã é mais atraente que Marte, além disso, economicamente, com sua fonte abundante de hidrocarbonetos, muito maiores que nossas reservas de petróleo, a lua de Saturno poderia, em tese, resolver nossos problemas de energia por décadas ou até séculos, nos dando tempo de desenvolver tecnologias mais viáveis para produção de energia limpa.

Transporte de combustível para a Terra ou posto de abastecimento?
O problema é a distância. Com nossa tecnologia atual a sonda Cassini-Huygens demorou sete anos para chegar lá. Estamos muito longe de termos uma missão tripulada tão longa nas profundezas do sistema solar. Os astronautas de Titã embarcariam numa jornada de décadas e muito provavelmente não retornariam à Terra. Quem seriam estes homens e mulheres e como eles reagiriam a tamanho isolamento? Outro problema, além de ser um local incrivelmente diferente do nosso, é a baixa gravidade do satélite, 0,14 da Terra, que traria riscos graves à saúde se não for trabalhada corretamente.

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Ainda assim, caso um dia tenhamos tecnologia para tal empreitada, estaríamos vivendo uma situação muito parecida à época das grandes navegações do século XV e XVI. Muitos daqueles exploradores jamais retornaram à sua terra natal. Eles partiram em busca de riquezas, mas acabaram por encontrar um novo lar e hoje somos a prova de seu legado.

Outland (1981) - brincadeira com o original
Os titãnautas, em seu sacrifício de deixar seu mundo natal para trás, estariam contribuindo não apenas com riquezas ou até mesmo a sobrevivência de nosso planeta. Eles estariam dando um passo importante para que os seres humanos colonizem o espaço e um dia, num futuro distante, alcancem outras estrelas.

2 comentários:

  1. Fargon,
    Excelentes Ilustrações. Eu jurava que que outland se passava em órbita de júpter...também tem muitos anos que assisti este filme.
    Valeu!

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  2. E é mesmo Fabok, o filme é em Io, Júpiter, apenas tirei uma licença 'cômica' para brincar com o nome do filme em português, afinal, prá que é que eles tem que mudar tanto os nomes dos filmes?
    Grato pelos elogios e pelo comentário.
    Fargon

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