quarta-feira, 20 de junho de 2012

Prometheus: uma análise

CRÍTICA CINEMATOGRÁFICA
Prometheus
ALERTA ESTE ARTIGO TEM SPOILERS

por Fabok

Antes um protesto

Sei que o explorador deve estar ansioso pelo nosso review do filme, mas não posso deixar de falar nos eventos que os expectadores da minha sessão testemunharam antes da exibição.

Tudo o que queremos é assistir filmes com a qualidade do preço que pagamos
Quando a entrada na sala foi liberada, levei um susto. Tudo estava numa escuridão total. Imediatamente os que lá estavam começaram a ligar seus celulares para termos um pouco de luz. A princípio, até pensei que poderia ser uma campanha de marketing do filme, mas no momento que as fracas luzes de nossos celulares começaram a varrer a sala, um sentimento de horror se abateu em todos nós, e não era por causa de nenhum alien. A sala 3 do UCI Fortaleza estava simplesmente imunda. Restos de comida e pipoca por todos os lados, o chão completamente melado e, ainda por cima, os assentos sujos e com manchas de gordura para todos os lados.

Mas o pior estava por vir. Quando começou a projeção, a imagem estava tão escura, que em determinados momentos ficava difícil de entender o que estava se passando na tela. Com isso, o efeito 3D foi muito prejudicado e acabou por ficar abaixo do esperado. Com um ingresso na casa dos R$ 30,00, é uma vergonha como o UCI Iguatemi Fortaleza trata seu público. Aos exploradores, evitem as salas 3D de lá a qualquer custo.

Agora o filme

E Deus amou tanto a humanidade que a ela sacrificou seu próprio filho
Eis que Prometheus começa. A sequência inicial, com um humanóide se sacrificando para dar origem à vida na Terra, é espetacularmente bela e me encheu de expectativas. Logo em seguida a nave Prometheus surge enchendo completamente a tela, indo rumo ao desconhecido. Pensei, é... Ridley Scott está de volta e em grande estilo.

Fassbender é um andróide que esconde sua humanidade e suas obsessões
Aos poucos vamos conhecendo a nave através de David, um andróide, que aparentemente tem a missão de manter os sistemas automáticos e a tripulação da Prometheus em ordem. David parece ser único. Ele é fascinado com filmes antigos, em especial Lawrence da Arábia, e acaba por adotar o visual do personagem vivido por Peter O'Toole. Ainda assim, há algo perturbador sobre David: ele é tão humano em suas ações que acabam por torná-lo diferente de nós. Pior, ele tem o hábito de acessar os sonhos dos tripulantes que estão em congelamento criogênico para a longa viagem de dois anos da nave.

Ao chegar ao seu destino, a tripulação é despertada. Ficamos conhecendo o casal de arqueólogos Elizabeth Shawn (Noomi Repace) e Holloway (Logan Marshall-Green - reparem que o ator é quase um clone de Tom Hardy de A Origem e do novo Batman). Eles conseguem convencer o magnata Peter Wayland (Guy Pierce, debaixo de uma maquiagem muito pesada), dono da Weyland Coorp. a financiar a missão, antes de sua morte.

Logan Marshall-Gree e Tom Hardy, que é isso "doppelgängers"?

E qual seria esta missão? Shawn e Holloway encontraram evidências de que a humanidade foi criada por seres extraterrestres, os quais eles chamam de "engenheiros". Nestas evidências há um aparente convite de nossos criadores para encontrá-los. Até este momento, o filme vai criando uma atmosfera muito boa e cheia de mistérios. Mas logo vem a primeira decepção, pelo menos para os fãs de Alien - O Oitavo Passageiro. O destino da Prometheus não é LV426, o planeta no qual o alienígena do filme original é encontrado, e sim LV223, que aparentemente orbita o mesmo gigante gasoso com anéis, do filme de 79. Neste momento meu sinal amarelo se acendeu, mas logo em seguida ele passou a vermelho, quando a tripulação da nave entrou em ação.

O velho cliche da ignorância
do método científico


Para uma expedição científica com potencial de mudar para sempre a humanidade, a Weyland escolheu os piores profissionais possíveis. Os "cientistas" não seguem nenhum tipo de procedimento ou protocolo que garantam o sucesso e a segurança da missão. De cara Holloway quer logo sair da nave para explorar a estrutura que fora avistada por eles. Quando o Capitão Janek (Idris Elba) pede que o arqueólogo espere até o dia seguinte, pois eles só teriam mais seis horas de luz, este responde algo do tipo, "Esperei dois anos para poder abrir meus presentes de natal". Pior ainda é a resposta de Janek, "ok, estou aqui só para pilotar a nave". Logo em seguida nos é apresentada a personagem Vickers (Charlize Theron), os olhos e ouvidos da Weyland e que logo ordena que qualquer contato com os "engenheiros" deve ser evitado. A atriz faz o possível para tornar Vickers interessante, mas ela é apenas uma coadjuvante de luxo na trama.

Charlize não foi nem bonita nem teve uma grande atuação
Falando em incompetência, o que dizer do geologista Fifield (Sean Harris) e do biólogo Milburn (Rafe Spall). A dupla consegue criar momentos antológicos de humor involuntário. Milburn é um biólogo que não gosta de coisas mortas e junto a Fifield simplesmente abandonam a expedição quando vários corpos alienígenas aparecem. Para completar, o geologista consegue com que a dupla se perca, quando ele próprio tinha dispositivos que mapeavam o lugar em que se encontravam. O momento em que eles encontram a criatura hammerpede é tão ridículo que você torce para que os dois morram logo...

Desenvolvimento confuso e sem sentido

Salada completa, alienígenas+zombies from outer space
George Romero deve estar às gargalhadas
Daqui em diante o filme entra numa espiral de situações mal resolvidas e mal escritas. Com que propósito David infecta Halloway? Fica a impressão que os roteiristas não sabiam o que fazer para "engravidar" Shawn. Ok, a cena do "parto" é plasticamente visceral e perfeita bem ao estilo do diretor, mas Shawn, uma arqueologista, consegue operar um equipamento médico de última geração, com dores excruciantes e sozinha, do mesmo modo que operamos um tablet. A quantidade de sangue que cai nela antes do final do "parto" é tanta, que ela teria que ter alguma sequela. Mas não, deste momento em diante o roteiro resolve transformar Shawn em uma nova Ripley com poderes sobre-humanos e imune às consequências do procedimento cirúrgico pela qual passou. Para completar, ninguém à bordo pareceu se interessar pela criatura que ela deu à luz, que fica esquecida até os momentos finais do filme.

A cenografia de Dariuz Wolski é impecável e formidável
Mas quem são os responsáveis por um roteiro tão problemático? Um deles, o explorador já deve conhecer. Sim, é ele, Damon Lindelof que tem em sua "ficha criminal" pérolas como o final de Lost, e é coautor do roteiro de Cowboys and Aliens e do futuro Star Trek. Por todo o filme você consegue ver o "dedo" do senhor Lindelof. Diálogos sofríveis, eventos sem o menor sentido e, claro, mais furos no roteiro do que um queijo suíço. Vou citar alguns: Por que os "engenheiros" se dariam ao trabalho de semear a Terra com vida, para simplesmente querer exterminá-la depois? Se o que Shawn e Halloway encontraram foi um convite, por que um convite para o que obviamente parece ser uma instalação militar? O que houve na Terra dois mil anos atrás para levá-los à uma decisão tão drástica como a que vimos no filme? E por último, a tripulação de "engenheiros" devia ser ainda mais incompetente que a da própria Prometheus, por se deixarem destruir por suas próprias armas biológicas.

É um filme de Ridley Scott?

Você é humana ou andróide? (referência a Blade Runner?)
O filme consegue se salvar graças a Ridley Scott, que fez milagre com um roteiro tão fraco. Scott sabe como ninguém valorizar a direção de arte de seus filmes para criar suspense. Prometheus é um banquete visual e auditivo. O nível de detalhes da nave, roupas e cenários é espetacular sempre fazendo referência a Alien - O Oitavo Passageiro. Há ainda uma pequena referência a Blade Runner. Repare na touca que os tripulantes da Prometheus usam com o traje espacial. É muito parecida com a usada pelo personagem Gaff, vivido por Edward James Olmos naquele filme. Outro exemplo do minimalismo do diretor, as informações vistas nos computadores da nave seguem o mesmo estilo das que são vistas na Nostromo, do filme de 1979.

Uma grande sacada de Scott foi ter trazido o bizarro artista H.R. Giger, criador da criatura original do filme de 1979, como consultor. O visual da nave dos "engenheiros" e das criaturas nos remete a Alien, mas ainda assim com um toque diferente. O Space Jockey ser apenas um traje espacial dos "engenheiros" foi uma boa surpresa. Contudo, o perfeccionismo de Scott não foi tão feliz na trilha sonora composta por Marc Streitenfeld, que só brilha no momento em que Peter Weyland aparece como holograma, usando um trecho da clássica trilha composta por Jerry Goldsmith.

Ridley Scott raramente fecha suas histórias

Os 'engenheiros' como uma sociedade monástica
Os atores fazem o que podem, mas realmente quem se destaca é Michael Fassbender. David é ao mesmo tempo encantador e assustador e foi um ótimo precursor para os andróides da série. Noomi Rapace consegue dar alguma credibilidade a Shawn, mas não é nenhuma Ripley. O restante não consegue ter o mesmo tipo de empatia que a tripulação da Nostromo em Alien, infelizmente.

Para completar, Prometheus não é um estória fechada. O final em aberto lança mais perguntas do que o próprio filme conseguiu responder. Qual a origem dos "engenheiros"? Para onde Shawn e David foram? Como o "pré-facehugger" e o "pré-alien" vistos na boa cena final evoluíram para o que vimos nos filmes da série Alien? A Terra ainda está em perigo? As respostas ficaram para uma possível sequência, que nem sabemos se será realizada. Tudo vai depender da bilheteria do filme. Ah! Uma dica pro pessoal da Weyland Coorp: se vocês financiarem uma nova missão, por favor escolham uma tripulação melhor. O pessoal do Relatório da Situação de antemão já se oferece para tripular uma nova Prometheus. Nós seríamos muito mais profissionais... Já para Ridley Scott...você é o cara, mas pelo amor de Deus se livra deste picareta que é o Sr. Lindelof. Existem excelentes roteiristas por aí que fariam de tudo para trabalhar com você no universo de Alien.

Resolveram economizar no figurino
Visualmente Promeheus é arrebatador, mas isto não é suficiente. Sem um bom roteiro, o filme se torna vazio e acaba por decepcionar, justamente por toda a expectativa que criou. Como prelúdio de Alien, o filme também falha, simplesmente por não dar nenhuma resposta satisfatória aos mistérios daquele filme. Agora nos resta uma pequena esperança, Ridley Scott já anunciou que a edição em DVD e Blu-Ray terá uma nova versão com mais 20 minutos. Não estou otimista, mas vamos aguardar...

E você explorador, o que achou? Mande suas opiniões! Até a próxima!


Prometheus: 2012, EUA
Direção: Ridley Scott
Roteiro e História: Jon Spaihts e Demon Lindelof
Música: Marc Streitenfeld
Edição: Pietro Scalia
Elenco: Noomi Rapace, Logan Marshall-Green, Charlize Theron e Michael Fassbender


Nossa avaliação:

Delta-Shield Bronze

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Tim Burton - um diretor polêmico (parte I)

SÉRIE: GRANDES NOMES

por Fargon Jinn

Em várias ocasiões fui interpelado por alguém, sobre algum filme de Tim Burton, no qual o incauto espectador reclama que o filme é depressivo e exagerado. Quando respondo, começo citando a quem pertence a autoria da obra. Noto, então, que no semblante do reclamante surge uma expressão mista de curiosidade e estranheza. Como se pensasse: “Mas, o que me interessa saber quem é esse sujeito? E quem é Tim Burton afinal?”. Aos poucos, com a conversa, estas feições vão se transformando, e um ar de entendimento e interesse vão surgindo.

Humildemente, gostaria de transmitir esta experiência aos amigos exploradores, neste artigo.

Vamos falar aqui de Tim Burton, mas só alguns aspectos deste nerdíssimo diretor de filmes peculiares e obscuros. Não é uma biografia, portanto. É mais uma análise que faço como fã que sou.

Ouço muita gente dizer que não suporta os filmes de Tim Burton e que não consegue entender como é que ele continua a fazer estes filmes se são tão ruins.

Um diretor nerd

Beetlejuice (Os Fantasmas se Divertem) 1988
A questão, exploradores, é que precisamos entender o todo antes de fazer um juízo preciso deste cineasta.

Em primeiro lugar, e provo, ele é um nerd no estrito senso da palavra. Um garoto que cresceu isolado na adolescência, introspectivo, cujo interesse era realizar filmes com Super 8 e VHS em stop motion e animação. Aluno medíocre, pintor e desenhista prolífico, cinéfilo inveterado, fã de filmes de terror da Hammer e filmes B de SciFi. CQD.

Batman 1989
Tim Burton vê o cinema como uma tela em branco, onde irá dar suas pinceladas usando como inspiração a sua história pessoal, seus sentimentos, sua visão de mundo e sua poesia interior. Para ele o mundo, a vida, é muito colorida, extremamente colorida, mas a nossa civilização consegue cobrir tudo com um véu que acinzenta as cores e obscurece as intenções. A humanidade é cheio de idiossincrasias, anacronismos, extremismos e dor. Por outro lado conseguimos nos abster de tudo isso e rir da própria ignorância. A fantasia também é um processo de fuga da realidade dolorida e deve ser explorada como um bálsamo para todas as horas.

Edward Mãos de Tesoura 1990
Se olharmos com cuidado veremos tudo isso em seus filmes, e nas pessoas com as quais se cerca. Veremos também que existe um número absurdo de pessoas que veem o mundo com esta mesma ótica, mesmo que não queiram admitir. A prova? Observem a arrecadação de seus filmes. Com poucas exceções, são tremendos sucessos de bilheteria. Seus DVD’s e Blurays estão nas boas posições de quaisquer listas de vendagens, em qualquer lugar. E seus filmes sempre são objetos de profundos debates. Existem tantos fãs quanto haters, e quase ninguém é indiferente aos seus trabalhos.

Há camadas em cada personagem

Batman Returns 1992
Mais ainda, vemos em seus trabalhos um conteúdo de profundidade em cada personagem. Cada um deles retrata características do próprio diretor que se projeta ou projeta pessoas importantes de sua vida. Não é tanto em relação aos diálogos, mas muito mais em relação à atitude de cada um. Assistir a seus filmes é, para mim, muito semelhante à experiência de ter assistido “Quero Ser John Malkovich”, que aliás é um excelente filme e que muito bem poderia ter sido feito por Tim Burton, vejo ali os mesmo traços.

Ainda hoje, Tim Burton, é uma pessoa intimista, com pouquíssimos amigos, de sua vida privada pouco se sabe. É teimoso, está sempre entrando em conflito com os estúdios e produtores, onde quase sempre vence. Só trabalha com quem quer, e gosta de trabalhar sempre com os mesmos. Fez poucos filmes, mas são todos muito marcantes. É um diretor cortejado pelos produtores, grandes estúdios, atores novos e atores velhos, atores de sucesso e atores que querem retornar ao sucesso.

Falaremos dos filmes

Nightmare Before Christmas 1993 - escrito e produzido por Tim Burton
No próximo artigo falaremos de vários (os mais importantes, pelo menos) de seus trabalhos como diretor. E de algumas interpretações de seu filmes, e de suas motivações e inspirações.

Os exploradores que gostam ou odeiam Tim Burton estão convidados desde já a enviar opiniões e argumentações para os seus trabalhos.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Splinter of the Mind's Eye

SÉRIE: LITERATURA

por Babi-Wan

A maioria dos fãs de Star Wars conhece a trilogia Thrawn de Timothy Zahn (também conhecida como The Thrawn Omnibus) como sendo as primeiras novels pós trilogia original de Star Wars já publicadas. Mas elas não foram as primeiras novels tie-in. Splinter of the Mind's Eye, de Alan Dean Foster, foi publicado, antes mesmo do Império Contra-Ataca ter sido filmado. Diferentemente da trilogia Thrawn, que relata os fatos em 9 ABY, cinco anos depois de O Retorno do Jedi, a história de Splinter está situada entre o Episódio IV: Uma Nova Esperança e o Episódio V: O Império Contra-Ataca, por volta de 2 ABY. Devido a isso, Splinter of the Mind's Eye é essencialmente a primeira novel do universo expandido.

Tudo se passa entre os episódios IV e V

Trilogia Thrawn, escrita de 1991 a 1993
A história vincula-se a Luke e Leia que estão viajando para Circarpous IV para uma reunião subterrânea rebelde na tentativa de trazer os circarpousianos para a Aliança Rebelde. A nave de Leia tem problemas e eles são forçados a pousar no planeta pantanoso Mimban. Disfarçados de mineiros, eles tentam encontrar um caminho para sair de lá. Em um bar encontram Halla, uma senhora de idade, sensível à Força, que lhes mostra uma lasca de uma pedra brilhante, o cristal Kaiburr. Alegando que o cristal completo poderá ampliar o poder dos portadores da Força, Halla promete ajudar Luke e Leia a sair do planeta caso eles a ajudem a encontrá-lo.

Luke e Leia são capturados pelos imperiais que também estão buscando o cristal Kaiburr. No entanto, se os imperiais encontrarem o cristal primeiro, Darth Vader se tornará muito poderoso para a Aliança Rebelde derrotar. Por isso, Luke precisa encontrar e derrotar Vader, a fim de evitar que o cristal caia em mãos erradas. Sem demora, Halla aparece na janela da cela deles e, uma vez que se dizia mestre da Força, ajuda não só Luke e Leia a escapar, mas também dois yuzzem – que ajudaram matando alguns imperiais enquanto Luke e Leia faziam o caminho de saída.

Também produzida em HQ - 4 volumes de 1995 a 1996 - Dark Horse
Assim, os cinco fazem seu caminho para onde Halla acredita estar o cristal Kaiburr, no templo Pomojema. A partir daqui meia dúzia de coisas acontecem. Dentre elas as mais interessantes são o duelo entre Luke e Vader – isso mesmo, eles travaram um embate antes de O Império Contra-Ataca – e Leia – um ponto maravilhoso sobre ela – que um pouco antes do duelo entre Luke e Vader, quando Luke está preso sob uma coluna, ela decide pegar o lightsaber dele e duelar com Vader por si própria. Óbvio que ela perde horrivelmente, mas ainda sim é sua primeira luta com lightsaber e, até onde lembro, a última por pelo menos quinze ou vinte anos.

Star Wars com o talento de Alan Dean Foster

Alan Dean Foster
Splinter of the Mind's Eye tem uma história interessante: ele foi escrito antes de Star Wars tornar-se muito popular, e sua história poderia ter virado a base para uma sequência, com baixo orçamento, do filme Uma Nova Esperança. A novel foi escrita com o cinema em mente, uma vez que é retratada em um planeta coberto por nevoeiro (para reduzir o custo do cenário) e não possui o personagem Han Solo, já que Harrison Ford ainda não tinha assinado para o próximo filme de Star Wars. Alan Dean Foster foi descreditado por George Lucas de ser co-autor da novelização de Uma Nova Esperança (1976), voltando ao universo expandido vinte e quatro anos depois em The Approaching Storm (2002), uma prequel novel que fornece contexto para a situação política do Episódio II: Ataque dos Clones.

Luke e Leia sozinhos numa aventura
Também existem determinadas inconsistências na história. Nessa época, 1978, C-3PO menciona que Darth Vader sabe “todos os códigos e comandos apropriados” para desligá-lo. No entanto, esta citação só teve uma explicação conveniente no Episódio I: A Ameaça Fantasma (de 1999), onde é revelado que o próprio Vader havia construído C-3PO quando ainda era o jovem Anakin Skywalker. E ainda, o maior problema: o duelo entre Luke e Vader. Apesar de não ter nenhum treinamento formal, a não ser a breve introdução sobre a Força com Obi-Wan, Luke enfrenta Vader com facilidade. Durante esse duelo, ele obtém alguns de seus poderes canalizando o espírito de Obi-Wan. Em contraponto, mesmo tendo iniciado seu treinamento com Yoda no sistema Dagobah, quando Luke encara Vader em O Império Contra-Ataca, ele, claramente, ainda não está preparado e perde sua mão por conta disso. Para explicar essa incoerência, Abel G. Peña - autor que tem escrito artigos de referência a Star Wars para diversos websites - propôs a teoria de que o Darth Vader que Luke enfrentou em Splinter foi apenas uma projeção da Força, e não um adversário de carne e osso. Através dessa teoria explica-se também o fato do lightsaber de Vader ser descrito da cor azul. Um vez que o Lord seria apenas um "holograma".

O prelúdio das inconsistências?

Acredito que as justificativas para as incoerências entre a novel e o resto do universo são um ótimo entretenimento para os fãs, talvez sejam elas que tornem-a tão interessante e valiosa. Mas temos que lembrar que as inconsistências de Splinter of the Mind's Eye não retratam o Star Wars que conhecemos, mas sim o Star Wars que poderia ter sido. Contemple o valor histórico e as possibilidades que ela oferece, aprecie com moderação.

MTFBWY

Splinter of the Mind's Eye: 1978, EUA
Autor: Alan Dean Foster
Editora: Ballantine Books

Nossa avaliação:
Delta-Shield Ouro


quinta-feira, 14 de junho de 2012

The Fantastic Zone


Olá exploradores, nesta semana estamos voltando com uma nova coleção de  novidades trazidas por Fabok.

Lembrando que a equipe do Relatório da Situação estará no próximo dia 17 com o Intersect News, na Saraiva Megastore. Doctor Who, na parada! Esperamos ver vocês lá, nos agraciando com suas presenças, a conversa vai ser 'joinha'.

Exploradores, em alguns dias estaremos fazendo a nossa migração. O nosso site está crescendo, graças a vocês, e vamos precisar de mais liberdade. Vocês não deverão notar mudanças significativas, mas alguns erros podem ocorrer. Sair do Blogger e ir para um servidor privado, com a engine do WordPress é uma mudança e tanto, e não é brincadeira de criança. Então vamos pedir a compreensão e o carinho de todos se algo de estranho acontecer.

E quais as novidades no The Fantastic Zone?

O uniforme mais comentado do planeta, é mesmo do Iron Men ou não é? Já ouviram falar da E3? Se ouviram se preparem, temos uns trailers animais. Esse povo não tá de brincadeira.

Demon Lindelof roteirista de Prometheus, foi convocado às pressas. Para que hein? O que Schwarzenegger está pretendendo? E Michael Bay?

Para ver as notícias acesse a aba 'The Fantastic Zone' na parte superior do site.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Game of Thrones - impressões da segunda temporada (parte II)

SÉRIES DE TV

por Fabok

Depois de tanta expectativa, a segunda temporada de Game of Thrones veio e já se foi. Podemos dizer que ela foi um divisor de águas, já que claramente os produtores escolheram trilhar um caminho próprio em termos de estória em relação à obra original.

Ranly Baratheon
Diferente do ano anterior, que foi muito fiel ao livro, as mudanças desta temporada causaram uma certa polêmica entre os fãs. Situações foram mudadas, personagens removidos e até mesmo alguns deles se mostraram bem diferentes do que foi visto na obra literária. De todas, a que mais incomodou foi a insistência dos roteiristas em continuar a forçar uma relação entre o Rei Ranly Baratheon e o Cavaleiro das Rosas. Os fãs do seriado dizem que isto ficava subentendido no livro, mas me desculpem discordar, não consegui encontrar esta referência em ponto nenhum.

Uma temporada apressada...

Stannis Baratheon
De qualquer modo, a rapidez com que os eventos e personagens vão passando pela estória, dificulta a imersão no enredo. Game of Thrones tem o elenco mais numeroso da TV atualmente e os dez episódios são muito poucos para o desenrolar da trama. O Rei Stannis Baratheon, por exemplo, apareceu nos episódios iniciais e depois desaparece completamente até os dois últimos episódios. Uma temporada um pouco maior poderia dar tempo de conhecermos mais os personagens.

Tyron Lannister
Apesar disso, o elenco conseguiu brilhar. Peter Dinklage transformou seu Tyron Lannister num personagem tão adorado, que mereceria, na minha opinião, uma série só para ele. Lena Heade conseguiu, no pouco tempo que apareceu, dar um tom cruel, e ainda sim real à Rainha Cersey. É dela um dos melhores momentos da temporada, quando friamente descreve a Sansa o que o destino lhes aguardaria caso os Lennister perdessem a batalha de Blackwater.

Um belo destaque para Jon Snow

Kit Harington é Jon Snow
As aventuras de Jon Snow (Kit Harington) além da Muralha também foram o destaque. As incríveis locações na Islândia deram um tom ainda maior de desolação e desespero à missão dos Nightwatch. E a entrada da personagem Ygretti, interpretada pela ótima Rose Leslie, será o batismo de fogo para a honra do filho bastardo de Ned Stark.

Theon Greyjoy
A ascensão e queda de Theon Greyjoy (Alfie Allen) foi bem fiel ao livro. Suas ações acabam por destruir Winterfell levando o jovem Bran Stark (Isaac Hempstead-Wright) a iniciar sua própria saga. Quem poderia imaginar que Winterfell cairia? Os atores Allen e Hempstead-Wright foram excelentes, afinal Theon foi criado praticamente como um irmão para Bran e acabam por ficar em lados opostos.

A grande interpretação da temporada coube a Maisie Williams e sua Arya Stark. A jovem atriz se destacou quando dividiu a cena com Charles Dance (Lorde Tywin Lannister). Apesar de não estar no livro, aguardava ansiosamente pelos "embates" entre os dois atores. A atriz ainda brilhou quando sua personagem conhece Jaqen H'ghar, um "Homem sem Face" de Davos. A saga de Arya tomará rumos inesperados a partir daqui. "Valar Morghulis" será seu lema.

De príncipes e de dragões

Brienne
O personagem de Jamie Lannister foi talvez o que menos apareceu, mas realmente ele passa a maior parte do livro capturado. A sua jornada de volta a King's Landing, junto a Brienne of Tarth será um dos pontos altos da próxima temporada. Mas no último episódio tivemos a oportunidade de ver o que está por vir. Pontos para a atriz Gwendoline Christie e o ator Nikolaj Coster-Waldau.

E os dragões? A saga de Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) foi muito modificada em relação ao livro, mas realizada muito bem, apesar de um começo fraco. Daenerys e seus filhos dragões mostraram que não estão para brincadeira e, ainda de quebra, tivemos uma bonita cena com a participação de Khal Drogo (Jason Mamoa).

Seis milhões de dólares a cada episódio

A terceira temporada já é fato
Com as mudanças desta temporada, os produtores trilharam um caminho próprio, mas ainda sim baseado nos livros. O leitor e o telespectador têm em mãos duas obras que se complementam. É impossível adaptar uma obra do tamanho desta fielmente, nem no cinema, muito menos na TV. Não podemos esperar batalhas do escopo das que foram criadas por Peter Jackson em "O Senhor dos Anéis" num orçamento televisivo. Cada episódio de Game of Thrones custa em torno de seis milhões de dólares. Para o penúltimo episódio, que narra a Batalha de Blackwater, os produtores tiveram que pedir à HBO mais dinheiro, e o resultado foi bem impressionante.

O gigantesco terceiro livro será adaptado em duas temporadas filmadas simultaneamente, afinal os atores mirins estão crescendo. Os fãs aguardam com ansiedade, pois teremos muitas reviravoltas. Game of Thrones não é só batalhas e sim sobre como cada personagem joga suas peças no gigantesco tabuleiro de intrigas que é Westeros. É este o jogo dos tronos que conquistou milhões de fãs mundo afora.

Para aqueles que não querem esperar o "inverno chegar" e ficaram na ponta da cadeira com a aparição do exército dos Whitewalker na cena final, os livros estão aí... A terceira temporada deverá estrear somente em abril de 2013. Tempo de sobra para lê-los... A escolha é sua explorador.

Até a próxima!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

E a mecânica quântica nos trás um motor estelar

SÉRIE: CIÊNCIA

por Fargon Jinn

Exploradores, vamos falar de viagens interestelares? Ótimo!

A primeira etapa que teríamos que discutir são os meios ou os processos para tal. Como seriam?

Quero trabalhar com vocês alguns conceitos básicos, antes, para colocá-los no clima do que vou dizer em seguida, que é o real tema deste artigo.

Elaborando as motivações

Imaginem que tenhamos descoberto um planeta, em outro sistema estelar, em condições de existência de água em estado líquido, digamos, a oitenta anos-luz do Sol. Ou seja, já vemos aí a possibilidade de desenvolvermos um entreposto espacial. Muito dificilmente esse planeta nos daria possibilidades de viver nele. Muito quente, ou muito frio, atmosfera com concentrações gasosas indevidas, condições gerais hostis, risco de contaminação por doenças desconhecidas, etc.

Então por que o visitaríamos? Primeiro em busca de conhecimento. Desenvolvimento geológico, estudo da fauna e flora, mineralogia, gravitação, energia, química, fósseis, busca por inteligência extraterrestre, enfim, uma infinidade de questões de mérito científico. Além, é claro, de outras questões de méritos estratégicos. Por exemplo, para viajarmos entre as estrelas, é obrigatório um item de extrema necessidade: água.

É claro, poderemos levar tudo o que for necessário, inclusive água, mas esse é um elemento que sempre será necessário, inclusive para o nosso planeta. Por mais que se recicle, as perdas estarão presentes em qualquer situação. Além disso, se pretendemos criar uma base permanente neste novo sistema planetário, teremos que pensar em procriação. Para aumentar o número de indivíduos num sistema equilibrado teremos que, principalmente, aumentar a quantidade de água deste sistema, além de muitas outras coisas, obviamente. Um planeta com condições próximas ao nosso, ofereceria os insumos necessários.

Como se viaja entre os vazios estelares?

Desta forma já estabelecemos, até agora, as nossas motivações, “o porquê” de se viajar. Vamos então tratar do “como”.

Precisamos, com certeza, de um veículo espacial que nos permita viajar por séculos, e que mantenha as condições de existência de uma comunidade ativa. Nada de animação suspensa (criogenia, congelamento). Isso é mais fantasia do que uma possibilidade real. Essa comunidade manteria os sistemas do veículo, estudaria o espaço interestelar, trocaria experiências com a Terra e evoluiria em conjunto conosco.

Num sistema “congelado” não haveria desenvolvimento. Ao término desta viagem, teríamos uma pequena sociedade arcaica, destoante do resto da humanidade. Eles pararam no tempo por séculos. Nós evoluímos vertiginosamente. Seria como pedir a Napoleão que se adaptasse ao século XXI.

Propulsão e energia

Bom, continuando em relação ao “como”. O que propulsionaria nossa espaçonave durante esse período, quais combustíveis seriam necessários? Agora sim, chegamos ao verdadeiro motivo deste artigo.

Eu sempre acreditei, amigos exploradores, que, no futuro, os sistemas de propulsão teriam que depender de geração de energia nuclear (por decaimento ou fusão), e não poderíamos escapar disso e todas as suas implicações. Mas, recentemente, e isso é a grande novidade, a ciência deu um novo passo. Aisha Mustafa, uma adolescente egípcia de dezenove anos, estudante de física aplicada na cidade do Cairo, registrou a patente de uma nova e promissora solução para um sistema de propulsão espacial.

Mecânica quântica na parada

Aisha Mustafa, 19 anos, estudante de física aplicada
De fato, ela desenvolveu uma ideia de um “motor quântico” para vir a ser utilizado por naves espaciais de espaço profundo. O seu conceito é um equipamento capaz de gerar movimento a partir de coisa nenhuma. Parece louco, mas não é.

A partir da teoria desenvolvida pelos físicos holandeses Hendrik Casimir e Dirk Polder, mais conhecida como Efeito Casimir, ou Força Casimir-Polder, ela fez um desenvolvimento de um método que aproveitaria o chamado Differential Sail (velejar por diferencial, numa tradução livre), que é uma das várias propostas desenvolvidas pelo físico estadunidense Marc G. Millis, para a NASA.

Surfando no espaço?!

Infográfico exemplificando a Força Casimir-Polder
O Efeito Casimir é um fenômeno que funciona perfeitamente no vácuo. Duas placas colocadas paralelamente à distância de alguns micra, uma da outra, tendem a aproximarem-se. Para simplificar, entre as placas existe uma ondulação energética menor do que nas laterais externas. Esta diferença de ondulação recebe força de fora para o interior das placas, aproximando-as.

O Differencial Sail seria um processo em que produziria-se uma densidade energética menor num dos lados do sistema gerando um movimento do lado mais denso para o menos denso. Exatamente como se fosse uma vela, onde a pressão dos ventos empurra a embarcação.

Ou estaremos velejando...?

O NanoSail-D da NASA é um veleiro solar bem sucedido
Velejar no espaço não é uma ideia nova. As estrelas produzem o chamado vento solar. Este é o resultado da radiação e emissão de matéria das estrelas para o espaço.

Já no espaço interestelar isso não seria tão fácil, longe das estrelas a nave não teria tanta força para ser impulsionada. Nestas regiões entra-se no conceito quântico de Energia de Ponto Zero, ou seja, a menor energia possível em qualquer circunstância é meio quantum. Essa energia é a que gera o Efeito Casimir.

O conceito de Aisha Mustafa aproveita esta pequena energia e a transforma em movimento. Ou seja, não precisaremos de tanques de combustíveis para reatores químicos ou propulsores iônicos que demandam uso de energia elétrica.

Não é uma Brastemp

Alguns chegam a ir longe em suas suposições
Eu sei, exploradores, eu sei: Não é uma Enterprise...! Né? Mas ainda assim é o que a nossa realidade científica pode prover. Isso com certeza é o início de propostas para sistemas muito mais eficientes e velozes num futuro bem próximo.

Mais imediatamente, poderemos ter sondas de espaço profundo usufruindo de um sistema de propulsão quântica que poderão funcionar por séculos, orientadas para os sistemas mais próximos como Alfa-Centauri e outros nas vizinhanças.

Isso, no mínimo, é uma grande barreira sendo superada pela física moderna e por uma cientista tão jovem, e ainda em formação. Imaginem o que poderemos ter dentro de alguns anos... Quem viver verá!