sexta-feira, 15 de julho de 2011

A escravidão do entretenimento

Malcolm McDowell em Laranja Mecânica de Kubrick

Por Fargon Jinn

Hoje em dia, quando vejo a atitude da maioria das pessoas frente a um computador...

... francamente...?

Não entendo!
Acho que se você deixar um computador num ambiente, colocar um hardware indevassável no qual seja impossível acesso à internet e a utilização de jogos...

− Dãããn... Tipo...! Prá que qui serve isso, afinal? Tipo... nada?

É provável que uma em cada cinco pessoas não consiga sequer formular uma pergunta decente sobre a sua dúvida. Algo como... "Qual a função de um computador uma vez que não me traga algum entretenimento?"

Acredito que estejamos vivendo numa época em que as palavras ‘construtivo’ e ‘útil’ tenham caído em desuso para grande parte da sociedade que tenha acesso a computadores.

Para esta parcela, computadores servem para jogar, reunir-se com os amigos, assistir aos outros se estourando no YouTube, ver a filmes e séries, contar toda a sua vida, e a dos outros (tuitando); ou alguma outra coisa que tenha conotação sexual.

Em algum momento, na nossa sociedade, houve uma mudança nos processos cerebrais. Grande parte dos adultos e uma parcela maior dos adolescentes se tornaram escravos de uma porção maligna de seus cérebros. Parece até com aquelas coisas meio cartunescas, em que esses cérebros começam a gritar com uma ‘vozinha’ fina e esganiçada: “Me entretenha! Me entretenha! Me ocupe com banalidades engraçadas e divertidas! Não me deixe pensar! Não me deixe produzir nada!” E para piorar, se a pessoa não atender imediatamente, surgem duas mãozinhas que a pegam pelo pescoço e começam a estrangulá-la, enquanto grita para ser entretida.

Houve um tempo em que os computadores, para toda a massa humana que possuísse acesso a eles (e eram bem poucos), eram usados para estudar, desenvolver novas metodologias, interligar o mundo, acessar conhecimentos, antes restritos às universidades e, claro, ao entretenimento. Essas pessoas não são chatos que só pensam em trabalhos acadêmicos, ciência, eruditismo. Foram, e ainda são, os mesmos que desenvolveram os jogos, o Orkut, o facebook.

HAL 9000 - 2001 Uma Odisséia no Espaço
Me vem à mente que: ou eles foram enganados dentro de um processo de dominação mundial; ou eles nos enganaram e estão tentando dominar o mundo.

Tenho receio que, ao publicar este texto (se conseguir fazê-lo), acabe morto dentro de uma vala de algum lixão desconhecido, ou preso a uma cadeira, com a cabeça imobilizada, os olhos abertos por pinças, enquanto me sobrecarregam a mente com imagens felizes e agradáveis de pessoas reunidas ao redor de um computador, ou pessoas usando computadores e reunidas através da net, bem vestidas, em salas bonitas, rindo às gargalhadas.

Neste cenário, eles iriam fazer comigo o que os traficantes fazem quando querem 'sacanear' alguém, e o entopem de drogas, até que a vítima fique irremediavelmente viciada, e não consiga mais ser uma pessoa normal se não estiver sob a influência da droga. Eu, então, só  suportaria viver se estivesse sendo entretido por um computador full time.

Por que estes cérebros não conseguem ver isso? Conheço alguns que precisam estar à frente de um computador com acesso à internet, e se não for assim correm para a televisão, ou livro engraçado, ou jogando um videogame, ou fazendo alguma atividade física que os encha de adrenalina ou endorfina.

Não é pela saúde, não, é apenas pela emoção.

O que há de errado em se utilizar tão poderosas ferramentas para se construir algo? Por que não se instruir através desta máquina? Conheço muita gente que não sabe a capital do Espírito Santo, mas sabe todos os nomes e histórico de personagens de um videogame, ou dos participantes de todos os Big Big Bostas da Globo. E são pessoas que usam o computador exaustivamente, diariamente, inclusive domingos e feriados. Wikipedia só é para dar Ctrl+C e Ctrl+V ao fazer trabalhos escolares. 

− Como assim Espírito Santo? Tipo um Estado? Tipo Estado que tem Capital?

Bem, se vocês continuarem lendo artigos meus, neste blog, significa que os meus delírios paranóicos eram somente isso mesmo, delírios. Se não...

... tomem cuidado, agora vocês também sabem!!!

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