sexta-feira, 29 de julho de 2011

Irmãos Scott, Jules Verne e Disney


por Fargon Jinn

O que pode haver de comum entre Tony e Ridley Scott e Jules Verne? Bom, a resposta parece bem clara. Um filme. Qual seria o tema? Provavelmente o mais famoso de todos: Capitão Nemo e seu Nautilus.
Mas e onde entra a Disney?
Bem, isso é mais complicado, e a resposta é: entra na guerra.
Cena do filme de 1954 - Disney
Guerra!? Mas que guerra!?
A guerra com a Fox!!
Como!?
Não te contei, não? Eles estão em guerra comercial pelo mesmo filme.
Mas como, mesmo filme!?
Éée... coisas de domínio público, sabe como é que é, né?
Peraí, do que é que você está falando!?
A Fox e a Disney estão fazendo o mesmo filme. Do lado da Fox, a dupla da família Scott. Do lado da Disney, David Fincher.

Nautilus
A Fox saiu na frente, com um roteiro pronto, tratando de um tempo no futuro, no qual existe este supersubmarino e seu Capitão megalomaníaco, baseados em '20.000 Léguas Submarinas' do escritor francês do século XIX, Jules Verne. A Disney está correndo atrás do prejuízo, visto que tinha anunciado a coisa anos antes, mas haviam parado o projeto por falta de um roteiro que fosse aprovado por Fincher. No entanto o tal roteiro saiu e a Disney entrou em fase de pré-produção, e ambos estão estimando o lançamento para 2013. O plot da Disney é algo como um prelúdio, já que se trata de como Nemo conseguiu desenvolver o Nautilus.
Bem, vejamos as diferenças.
Categoria
Fox
Disney
Direção
Timur Bekmambetov
O Procurado, Guardiões da Noite, Guardiões do Dia, The Red Star
David Fincher
Zodiaco, Benjamin Button, Seven, Clube da Luta
Roteiro
Travis Beacham
Fúria de Titãs
Michael Chabon
Homem-Aranha 2
Produtores
Tony e Ridley Scott
Jeanne Allgood e Brent O'Connor

Podemos ver que as equipes são 'de peso', e portanto os resultados poderão vir a ser excelentes. O único porém é que sabemos que a Disney não é tão boa para desenvolver filmes, e a Fox gosta de produções baratas, as exceções são para os blockbusters, neste caso ela abre os cofres. Contudo, o tema não é para nenhum arrasa quarteirão, filmes de submarinos, com exceção de Caçada ao Outubro Vermelho (da obra de Tom Clancy, com Sean Connery, dirigido por John McTiernan), raramente chegam 'bombando'.
Ambos estúdios estão revisitando antigos temas que eles já desenvolveram, a Disney em 1954, com o grande Kirk Douglas e dirigido por Richard Fleischer (Conan – o Destruidor, Soylent Verde); a Fox com 'A Liga Extraordinária' em 2003, estrelando Sean Connery e dirigido por Stephen Norrington (Blade), em que o Nautilus e seu Capitão aparecem como parte de um grupo de heróis que lutam para salvar o mundo. Um belo fiasco que só se pagou ao sair para o mercado mundial.

É pagar prá ver...

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Os livros de Dexter

por Helder Maia

            Como você deve saber, ou talvez não, a famosa e bem-sucedida série de TV Dexter é inspirada na obra literária do autor americano Jeff Lindsay. Até agora ele escreveu cinco livros sobre seu célebre personagem, tendo sido quatro deles publicados no Brasil, pela Editora Planeta. Fiz uma maratona de leitura dos livros lançados aqui e darei minha impressão sobre eles.

Dexter - A Mão Esquerda de Deus (Darkly Dreaming Dexter - 2004)
Os criadores da série utilizaram inúmeros elementos do primeiro livro como inspiração para a primeira temporada. Da segunda em diante eles seguiram caminhos diferentes dos livros. Este é o livro que mais gosto, pois é bem escrito e instigante, apresentando o serial killer que conhecemos e amamos: racional, frio e irônico. E ainda até mais que na série de TV.
Devido à um trauma em seu passado Dexter se tornou uma pessoa incapaz de sentir emoções ou compreendê-las nos outros, assim como possuidor de um incontrolável desejo de matar. Adotado por Harry, um policial durão de Miami, foi ensinado por este a como encobrir seus rastros e não deixar provas de seus crimes, mas só devendo matar aqueles que comprovadamente escaparam impunes da justiça. Acabando por se tornar um técnico forense da polícia de Miami, especialista em padrões de dispersão de sangue. Neste primeiro livro ele se vê às voltas com um assassino que está aterrorizando Miami, deixando corpos esquartejados pela cidade, levando-o a um dilema: deve caçar o assassino ou ajudá-lo?

Querido e Devotado Dexter (Dearly Devoted Dexter – 2005)
Neste segundo livro, um novo assassino chega a Miami, alguém do passado militar secreto do Sargento Doakes, alguém que está em busca de vingança e o tem como alvo. Apesar de Dexter ser perseguido por Doakes, que o detesta e sabe que ele esconde algo, eles se unem na caça ao assassino. Dexter vê aí uma oportuna chance de se livrar de Doakes.
É interessante ver neste livro Dexter, usando sua metodologia para avaliar a culpabilidade de um suspeito de crimes contra crianças e depois capturá-lo e matá-lo. È um verdadeiro manual de instruções homicida. A trama do assassino que persegue os antigos companheiros de Doakes é interessante e temos mais ação neste segundo livro, com direito até a perseguição de carros.

Dexter no Escuro (Dexter in the Dark - 2007)
            È aqui que a coisa começa a descer a ladeira. Talvez sem muitas idéias do que fazer no terceiro livro, Lindsay resolve abandonar qualquer explicação psicológica para a fome homicida de Dexter e resolve entrar no campo do sobrenatural. Isso mesmo que vocês leram, o Passageiro das Trevas de Dexter, aquele que lhe dá dicas e fala ao seu ouvido dirigindo-o em suas orgias de sangue, seria uma espécie de espírito ou demônio de origem ancestral. Fica difícil engolir uma mudança tão radical na história do personagem. Uma verdadeira desvirtuação. Neste livro, acontecem uma série de assassinatos bizarros com temática religiosa. Sentindo-se vulnerável, confuso e até com medo sem a voz de seu companheiro sombrio para lhe guiar, torna-se alvo de forças ocultas. Esse é outro problema do livro, ninguém quer ver nosso serial killer preferido com medo ou indeciso.

Dexter: Design de um assassino  (Dexter by Design - 2009)
Após casar-se com Rita e passar uma lua de mel em Paris, Dexter volta para Miami para se defrontar com uma série de crimes bizarros, onde corpos são mutilados e expostos publicamente de forma artística. Ele entrará num jogo de gato e rato com outro assassino.
Sério! Quantos assassinos em série há em Miami? Fora as outras pessoas que possuem Passageiros das Trevas, como Doakes e até os filhos de Rita, quantos mais? É muita 'forçação de barra'. A série disfarça essa implausiblidade com subtramas, bom desenvolvimento de personagens e seus interrelacionamentos.

Dexter Is Delicious (2010)
Nove meses após os eventos do livro anterior, nasce a filha de Dexter e Rita. Este nascimento traz profundas mudanças no Dexter, que além de sentir amor e emoções pela primeira vez, também não sente mais sua compulsão homicida. E jura pôr um fim ao seu sinistro hobby a fim de ser um pai melhor para sua filha. Mas vê-se envolvido na investigação de um possível culto de canibais, o que pode levá-lo de volta a seus velhos hábitos.
Como disse, este ainda vai ser lançado por aqui, mas pela sinopse parece que vai ser meio meloso.

Além de parecer que só existem assassinos em Miami, outro problema dos livros é que são muito centrados no personagem principal. Ok, Dexter tem tiradas cômicas e sarcásticas muito legais, mas tem hora que o autor exagera. Fora ele, só temos sua irmã (que sabe de seus atos homicidas e é apenas uma ranzinza 'reclamona' que 'torra o saco' do irmão para resolver crimes e ajudar na sua carreira), Rita e seus filhos. Há alguns coadjuvantes, mas sem muito peso.
Fora tudo isso, ainda temos os problemas com as edições brasileiras. Os livros costumam trazer erros de português e problemas de tradução. O absurdo ocorreu no terceiro livro, que parece que não teve revisor, tantos são os problemas: frases sem sentido por falha na tradução, erros de português, especialmente de concordância, palavras faltando, que são percebidas pelo contexto. Ou seja, um péssimo trabalho.
Meu conselho? Continue assistindo à série, apesar do quinto ano não ter sido lá essas coisas e, se lhe der vontade, leia o primeiro e segundo livros.

Nossa nota:
Delta-Shield Prata


segunda-feira, 25 de julho de 2011

O fim da saga do mundo bruxo

Poster do filme de 2011

por Fargon Jinn

Há 14 anos o mundo foi surpreendido pelo nascimento de um fenômeno. Um evento único em toda a literatura mundial, em abrangência, dinheiro ou fanatismo. Algo que mudou os formatos e os paradigmas de editoras, autores, tradutores, livrarias e, que por fim, mudou os leitores.

Em julho de 1997 estava sendo encaminhado às livrarias da Inglaterra Harry Potter and the Philosopher's Stone. A autora, então desconhecida, à guisa do grande Arthur Conan Doyle, resolveu escrever por necessidades financeiras. Saída de um divórcio e com uma filha pequena, sentava-se diariamente numa cafeteria e imortalizava, no papel, a história de um bruxinho tímido e atrapalhado que conseguia se meter nas mais terríveis aventuras, colocando-se sempre em risco de vida.

Harry Potter e a Pedra Filosofal chegou ao Brasil em abril de 2000, e imediatamente angariou uma legião de fãs mirins. Estes contaminaram pais, amigos, professores. Assim, como em outros lugares, logo surgiram os clubes e as páginas na internet falando e opinando sobre as peripécias e o destino daquele menino esquálido, de 11 anos, que nos introduzia num mundo de magia, bruxaria, maravilhas jamais imaginadas e terríveis perigos.

J.K.Rowling no lançamento do sétimo livro
Joanne Rowling, conhecida mais tarde por J.K. (Kathleen, nome de sua avó paterna, foi acrescentado ao nome por razões estéticas e comerciais) que imaginou a saga inteira ao fazer uma viagem de trem, provavelmente, não tinha idéia do alcance que estes livros teriam. Em verdade, ela recriou o conceito do amigo imaginário. Melhor ainda, este amigo seria compartilhado com milhões de outras crianças, adolescentes, jovens e adultos pelo mundo afora.

Numa era de comunicações globais instantânea, pudemos presenciar o surgimento de uma nova nação de amplitude global. Se os conceitos para definir uma nação são língua, costumes e etnia. Vemos aqui todos estes elementos nos jovens bruxos do mundo, que falam, agem e se definem como estudantes de Hogwarts, ou de habitantes de Hogsmeade, funcionários do Ministério da Magia e muito, muito mais. A indústria literária, a cinematográfica, passando pelos jogos, brinquedos, vestuários, memorabilia e outras, se regozijou e refestelou com uma pujança que há muito tempo não se via.

Foram sete livros principais e mais três, escritos com fins filantrópicos, que complementam o universo mágico; oito superproduções para o cinema; uma infinidade de jogos para todas as plataformas, para PC ou games on-line.

Capa do jogo de 2001
Tudo acabou...! Acabou?... Como assim?... E dá prá acabar algo desse tamanho? Sinceramente, acho que não. Uma obra como 'O Senhor dos Anéis' já deu seu testemunho negando essa possibilidade. E estamos falando de um autor já falecido. J.K. Rowling ainda está muito viva. E com certeza sua criação passou a ter vida própria. Este é um legado que deverá atravessar gerações e gerações. É algo que entrou para um rol muito pequeno de grandes autores. C.S. Lewis, J.R.R. Tolkien, J.K. Rowling…  ...curioso... todos britânicos... Todos começaram com livros infantis. Todos tem iniciais por primeiros nomes...

Jurandir Filho, do Cinema com Rapadura, citou uma frase que deve dizer muito a muita gente - “Harry Potter só acabou para os trouxas!” – puxa... isso dá um nó na garganta enquanto tentamos segurar as lágrimas.

Poster do filme de 2010
            O oitavo e, muito provavelmente, último filme da saga, fechou com chave de ouro, segundo a crítica especializada. Como seria de se desejar, após tantos anos conduzindo esta juventude que cresceu acompanhando as aventuras e desventuras de Harry Potter e seus amigos. Estes jovens não só acompanharam as histórias, mas cresceram juntos com os heróis. Moldaram-se seguindo um farol de bons exemplos, num mundo inundado pelo pessimismo e conformismo. A obra da Srta. Rowling proporcionou muito mais do que entretenimento. O bom caráter do personagem principal e sua troupe mostrou a muita gente que não precisamos nos dobrar às forças sutis e maliciosas que existem à nossa volta. E que nem sempre o que parece bom e ‘legal’ é, de fato, o melhor caminho.

Fãs em todas as idades
            Conquanto, todo esse séquito, agora órfão, terá que buscar algum lenimento para a dor do abandono. Mas talvez esse não seja um remédio tão difícil de achar. A autora já está elaborando uma espécie de repositório on line, no qual os fãs e curiosos poderão se encontrar, como uma espécie de rede social. Ali poderão suprir suas necessidades de informações e convivência com outros aficcionados, e por vezes com celebridades envolvida em todo processo criativo, desde J.K. até os produtores dos filmes e jogos.

           
Clique para ampliar
            Talvez, quem sabe, ali possam beber de uma inesgotável fonte de inspiração e, quem sabe um dia, possamos ser agraciados com novas produções, seja literária, seja cinematográfica, de aventuras dos bruxinhos, ou dos muitos possíveis reinos que a obra nos apresentou.

            Com certeza, este não foi um ponto final.

Nossa nota:
Delta-Shield Diamante




sexta-feira, 22 de julho de 2011

O universo de Mass Effect

por Fabok


Em 2007, a desenvolvedora de jogos BioWare lançou o RPG Mass Effect para Xbox 360 e em 2008 para PC. O jogo se passa em 2183, 35 anos após a humanidade encontrar artefatos de tecnologia alienígena em Marte. Tecnologia esta que teria pertencido a uma civilização extinta conhecida como protheans. Estudando e analisando os artefatos, a humanidade experimenta um salto tecnológico sem precedentes em todos os campos da ciência e finalmente consegue deixar para trás os limites de nosso sistema solar.

Mesmo utilizando motores FTL (Faster than Light), nossa galáxia é gigantesca e as viagens de um extremo ao outro dela só são possíveis graças a um outro tesouro prothean, os mass relays, dispositivos localizados estrategicamente por toda a Via Láctea que permitem viagens aos locais mais afastados da galáxia.

Numa destas missões exploratórias, uma nave da Aliança dos Sistemas Humanos, organização que representa a Terra e suas colônias, é atacada pelos turians, uma espécie de origem aviária. O conflito acaba por agravar-se, transformando-se na Guerra do Primeiro Contato. Percebendo que os terráqueos seriam aniquilados ou anexados pelos mais desenvolvidos tecnologicamente turians, entre em cena o Citadel Council, uma espécie de nações unidas que controla a parte "civilizada" de nossa galáxia. Os humanos são levados à Citadel, uma imensa estação espacial que governa o que é conhecido como o Espaço da Citadel. A Aliança se torna membro da Citadel, onde se vê às voltas numa galáxia cheia de alienígenas, intrigas, mistérios e maravilhas.

Todo este pano de fundo é mencionado aos poucos durante o jogo, mostrando o cuidado que a BioWare teve ao criar um universo tão rico em detalhes que bebe na fonte de Star Trek, Star Wars e Babylon 5. No começo do jogo você, se assim preferir, pode customizar seu personagem inteiramente, mas escolhendo as opções padrões você entrará na pele de John Shepard (não é o mesmo de Stargate Atlantis), um oficial da Aliança e primeiro oficial à bordo da nave SSV Normandy. Ele é enviando ao planeta Eden Prime para recuperar um artefato prothean diferente de todos os outros encontrados anteriormente. Junta-se a ele um agente Spectre Turian. Os spectres são parte de uma organização que responde somente ao Citadel Council e opera acima da lei. Este agente tem por missão avaliar Shepard que acaba de ser escolhido pela a Aliança como o primeiro candidato humano a se tornar um spectre, mas algo dá muito errado e... aí começa uma das maiores sagas feitas para videogame...

Com uma jogabilidade em que tanto a ação, quanto os diálogos são indispensáveis, você molda seu personagem a medida que joga. Shepard pode se tornar um baluarte da moral e verdade ou um crápula. Tudo depende de suas escolhas e por causa delas o nível de dificuldade do jogo vai mudando de decisão em decisão.


Os gráficos são de cair o queixo. Você vai querer passar horas andando pela gigantesca Citadel, que lembra e muito a estação Babylon 5 ou explorando o interior da Normandy. Além disso a riqueza de detalhes dos personagens e cenários faz com que Mass Effect seja quase uma experiência cinematográfica. Esta experiência é destacada pelo estelar elenco de atores que emprestaram suas vozes para os jogos da série como Marina Sirtis (Star Trek), Seth Green (Star Wars The Clone Wars), Lance Henriksen (Millennium), Keith David (Eclipse Mortal), Martin Sheen (Apocalipse Now), Michael Dorn (Star Trek), Claudia Black (Farscape, Stargate), Tricia Helfer (Galactica), Michael Hogan (Galactica), Carrie-Ann Moss (Matrix), Yvonne Strahovski (Chuck), Adam Baldwin (Firefly, Chuck) e muitos outros.


O jogo também criou muita polêmica em seu lançamento por conter cenas de sexo. Se você escolher jogar Shepard como uma personagem feminina, pode acabar por se deparar com uma cena de sexo lésbico dependendo de suas escolhas. Mas não se iludam, Mass Effect é muito mais que isso. O sucesso foi tamanho que logo dois jogos foram anunciados para continuar a estória. O também fantástico Mass Effect 2 foi lançado em 2010, inclusive também com uma versão para PS3. E para o final de 2011 Mass Effect 3 concluirá a saga. Há também alguns livros e quadrinhos que expandem ainda mais o universo.

Hollywood já percebeu o potencial de Mass Effect, tanto que os direitos cinematográficos já foram adquiridos para um possível filme. Se o cinema conseguirá transpor um universo tão rico e cheio de nuances para telas, só o tempo dirá. Enquanto isto não acontece, não perca mais tempo e entre no universo de Mass Effect, num computador ou videogame perto de você...

Nossa nota:
Delta-Shield Ouro





Se quiser saber sobre as continuações e desdobramentos do universo de Mass Effect, leia o nosso artigo Contagem regressiva para Mass Effect 3.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Desencontro com Rama


Por Fargon Jinn

Todos que me conhecem sabem que sou clarkemaníaco, então podem entender o meu fascínio pelo livro Rendezvous with Rama (Encontro com Rama). Eu simplesmente acho enlouquecedor aquele clima que existe dentro de Rama. A grande solidão. A construção de algo gigantesco, completamente misterioso, operando dentro de leis da física, e não da fantasia científica. Vagando entre as estrelas. Desenvolvida por uma cultura que adota o número três como algo próximo da perfeição.
Concepção artística do interior de Rama
A pouco mais de uma década fiquei sabendo que Morgan Freeman, detentor dos direitos sobre as obras de Arthur C. Clarke, anunciou que pretendia fazer um filme sobre este universo descrito naquela série de livros (o primeiro por Clarke, os três seguintes em co-autoria com Gentry Lee e mais dois escritos por Gentry Lee sozinho). Meu cérebro, nesta época, se liquefez. Eu que tenho e adoro o jogo da Sierra, ficava horas jogando, finalizando o jogo e re-iniciando. Sonhando em ver esses cenários, os ambientes, o clima de mistério, a sensação de você ser uma mosca na parede. Sim, porque se você pensar bem, como se sentiria dentro de uma garrafa de 50 km de altura e uma circunferência de 16 km. Uma mosca na parede, acho que fica bem.

Então..., isso tem sido uma decepção atrás da outra.

Claro que há coisas boas. David Fincher é uma delas. Seven, Clube da Luta, Benjamin Button, o cara tem talento. E ele vem procurando um bom roteiro desde de 2001. Inicialmente o projeto ficou parado por falta de interessados em investir (a Revelations Entertainment, produtora do sr. Freeman não tem recursos próprios para produzir o filme e, vamos e venhamos, quem tem?). Em 2003, o projeto foi anunciado para estrear em 2009, pelo IMDb. A adaptação seria a de Stel Pavlou.

Em 2008, Fincher afirmou que o filme era uma improbabilidade por falta de um bom roteiro. Morgan Freeman e Fincher vinham trabalhando, entre outros projetos, num roteiro para Rama. Contudo, Freeman adoeceu e Fincher vinha se dedicando a Benjamin Button. Mesmo assim o IMDb re-estimou o lançamento de Rama para 2013.

Em janeiro deste ano Fincher veio a público e anunciou que após a conclusão de 20.000 Léguas Submarinas, pela Disney, ele começaria a produção de Rama, já que conseguiram o roteiro certo para o filme.

Então é isso. Vamos esperar. Provavelmente algo para 2016 ou 2017. Já que o filme 20.000 léguas, da Disney tem previsão de lançamento para 2013.

David Fincher
Para quem não quer esperar, leiam o livro, ou os livros. São fantásticos. Especialmente o primeiro e o segundo.

Se quiserem continuar lendo, segue abaixo uma sinopse de Encontro com Rama.

Em 2130 um sistema de sensoriamento remoto para asteróides potencialmente perigosos, detecta um novo objeto, grande. Na época, as deidades gregas e romanas já tinham sido esgotadas em batismo aos corpos celestes, desde então eles estão usando as deidades indianas. Após alguma observação descobrem que Rama não é uma ocorrência natural, e enviam a nave espacial mais próxima para uma interceptação de observação. Chegando lá eles penetram na estrutura do objeto e começam a sua exploração...  (a partir daqui seguem spoilers)

… e descobrem tudo escuro, congelado, vazio. Aos poucos com a aproximação do nosso Sol, a nave começa a dar sinais de atividade, mas tudo é operado por máquinas, uma gigantesca biblioteca tridimensional é encontrada, uma espécie de oceano, luz, clima, ventos e tempestades. E da mesma forma como Rama chegou, se vai, após utilizar a força gravitacional do Sol para acelerar ainda mais em rumo de algum outro sistema solar.

http://moviesblog.mtv.com/tag/rendezvous-with-rama

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O amargo fim de Stargate


De 2004 a 2009
por Fabok

No ar desde de 1997, a franquia Stargate finalmente chegou ao fim com o cancelamento tanto de SG.U, quanto dos propostos telefilmes para SG-1 e SG-Atlantis. A notícia foi dada pelo próprio criador da série Brad Wright na convenção oficial de Stargate em Vancouver em 17 de abril.
Na verdade o anúncio já era esperado pelo fandom. Os baixos índices de audiência e o alto custo de produção de Stargate Universe levaram ao cancelamento da série pelo SyFy ainda em dezembro de 2010. Havia a esperança de que a mesma pudesse ser concluída com uma minissérie ou um telefilme ou até mesmo que algum outro canal de TV pudesse continuar a saga da nave espacial Destiny e sua tripulação pelos confins do universo, que agora ficará sem uma conclusão irremediavelmente.
De 2009 a 2011
Infelizmente os produtores não conseguiram convencer o estúdio MGM, detentor dos direitos de Stargate, a bancar o projeto. Além disso a MGM ordenou que os sets de SG-1, Atlantis e SG.U fossem desmontados em definitivo, acabando por vez com a esperança da realização dos prometidos telefilmes das duas primeiras séries. Mas afinal, o que aconteceu com a franquia que segundo a própria MGM seria sua segunda marca mais importante, ficando atrás apenas dos filmes de 007?
Há muita especulação, mas a maioria concorda que um dos motivos seria a própria gênese de Stargate Universe. Para levar o projeto de SGU a diante, os produtores cancelaram Atlantis em sua quinta temporada. Apesar de não ser tão popular quanto SG-1, a série tinha uma boa audiência e uma fiel base de fãs que se enfureceu com seu final abrupto. Atlantis nunca teve realmente uma conclusão, que fora prometida para um telefilme que seria lançado mais tarde. Estes fãs fizeram uma oposição tremenda a SG.U, mesmo quando esta ainda estava em pré-produção e simplesmente deixaram de assistir Stargate.
De 1997 a 2007
Para complicar a situação ainda mais, a MGM vinha passando por uma crise que acabou com um pedido de falência em 2010. Como consequência todos os projetos de telefilmes de Stargate foram colocados em espera indefinidamente. E ainda num erro de visão dos produtores, eles tinham como idéia conquistar o público da então recém concluída Battlestar Galactica. Um público que na verdade já não existia mais, visto a continua queda de audiência de Galactica em suas terceira e quarta temporadas. Além disso, o clima mais sombrio e adulto de SG.U acabou por alienar ainda mais a base de fãs acostumados com o tom mais leve de SG-1 e Atlantis. Até mesmo a venda de DVDs e Blu-Rays de SGU ficou abaixo das expectativas.
Poster do filme de 1994
No começo do ano a MGM conseguiu renegociar suas dívidas e um financiamento de quinhentos milhões de dólares para novos projetos. Dinheiro este que os novos gestores do estúdio resolveram aplicar no novo 007 e nos dois filmes baseados no ‘O Hobbit’. A MGM está apostando sua própria sobrevivência nestes projetos e não quer, pelo menos no momento, investir em Stargate que não vem dando o retorno esperado.
Numa coincidência interessante a "íris" de Stargate se fecha ao mesmo tempo em que, na vida real, a Montanha Cheyenne, sede do projeto SG, na ficção, é desativada pelas Forças Armadas Americanas. Por enquanto ficaremos órfãos, sem a possibilidade de cruzar o buraco de verme dos portais estelares todas as semanas, mas quem sabe em alguns anos Stargate ressurja como uma fênix, assim como uma outra franquia que nos é muito querida e também carrega star no nome.
Parafraseando Teal'c, "Indeed..."

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A escravidão do entretenimento

Malcolm McDowell em Laranja Mecânica de Kubrick

Por Fargon Jinn

Hoje em dia, quando vejo a atitude da maioria das pessoas frente a um computador...

... francamente...?

Não entendo!
Acho que se você deixar um computador num ambiente, colocar um hardware indevassável no qual seja impossível acesso à internet e a utilização de jogos...

− Dãããn... Tipo...! Prá que qui serve isso, afinal? Tipo... nada?

É provável que uma em cada cinco pessoas não consiga sequer formular uma pergunta decente sobre a sua dúvida. Algo como... "Qual a função de um computador uma vez que não me traga algum entretenimento?"

Acredito que estejamos vivendo numa época em que as palavras ‘construtivo’ e ‘útil’ tenham caído em desuso para grande parte da sociedade que tenha acesso a computadores.

Para esta parcela, computadores servem para jogar, reunir-se com os amigos, assistir aos outros se estourando no YouTube, ver a filmes e séries, contar toda a sua vida, e a dos outros (tuitando); ou alguma outra coisa que tenha conotação sexual.

Em algum momento, na nossa sociedade, houve uma mudança nos processos cerebrais. Grande parte dos adultos e uma parcela maior dos adolescentes se tornaram escravos de uma porção maligna de seus cérebros. Parece até com aquelas coisas meio cartunescas, em que esses cérebros começam a gritar com uma ‘vozinha’ fina e esganiçada: “Me entretenha! Me entretenha! Me ocupe com banalidades engraçadas e divertidas! Não me deixe pensar! Não me deixe produzir nada!” E para piorar, se a pessoa não atender imediatamente, surgem duas mãozinhas que a pegam pelo pescoço e começam a estrangulá-la, enquanto grita para ser entretida.

Houve um tempo em que os computadores, para toda a massa humana que possuísse acesso a eles (e eram bem poucos), eram usados para estudar, desenvolver novas metodologias, interligar o mundo, acessar conhecimentos, antes restritos às universidades e, claro, ao entretenimento. Essas pessoas não são chatos que só pensam em trabalhos acadêmicos, ciência, eruditismo. Foram, e ainda são, os mesmos que desenvolveram os jogos, o Orkut, o facebook.

HAL 9000 - 2001 Uma Odisséia no Espaço
Me vem à mente que: ou eles foram enganados dentro de um processo de dominação mundial; ou eles nos enganaram e estão tentando dominar o mundo.

Tenho receio que, ao publicar este texto (se conseguir fazê-lo), acabe morto dentro de uma vala de algum lixão desconhecido, ou preso a uma cadeira, com a cabeça imobilizada, os olhos abertos por pinças, enquanto me sobrecarregam a mente com imagens felizes e agradáveis de pessoas reunidas ao redor de um computador, ou pessoas usando computadores e reunidas através da net, bem vestidas, em salas bonitas, rindo às gargalhadas.

Neste cenário, eles iriam fazer comigo o que os traficantes fazem quando querem 'sacanear' alguém, e o entopem de drogas, até que a vítima fique irremediavelmente viciada, e não consiga mais ser uma pessoa normal se não estiver sob a influência da droga. Eu, então, só  suportaria viver se estivesse sendo entretido por um computador full time.

Por que estes cérebros não conseguem ver isso? Conheço alguns que precisam estar à frente de um computador com acesso à internet, e se não for assim correm para a televisão, ou livro engraçado, ou jogando um videogame, ou fazendo alguma atividade física que os encha de adrenalina ou endorfina.

Não é pela saúde, não, é apenas pela emoção.

O que há de errado em se utilizar tão poderosas ferramentas para se construir algo? Por que não se instruir através desta máquina? Conheço muita gente que não sabe a capital do Espírito Santo, mas sabe todos os nomes e histórico de personagens de um videogame, ou dos participantes de todos os Big Big Bostas da Globo. E são pessoas que usam o computador exaustivamente, diariamente, inclusive domingos e feriados. Wikipedia só é para dar Ctrl+C e Ctrl+V ao fazer trabalhos escolares. 

− Como assim Espírito Santo? Tipo um Estado? Tipo Estado que tem Capital?

Bem, se vocês continuarem lendo artigos meus, neste blog, significa que os meus delírios paranóicos eram somente isso mesmo, delírios. Se não...

... tomem cuidado, agora vocês também sabem!!!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A verdadeira frota estelar

Atlantis em seu último lançamento
Por Fabok


Enterprise, Columbia, Challenger, Discovery, Atlantis e Endeavour. Por mais de 30 anos essa foi considerada por todos os amantes da engenharia espacial a nossa verdadeira 'frota estelar'. Por isso é com muita tristeza que acompanhamos esta semana a última missão da Atlantis. Quando do seu retorno à Terra, encerra-se uma jornada de momentos trágicos e sublimes que mudou radicalmente nossa percepção do universo.
O programa dos ônibus espaciais começou ainda no início dos anos 70, quando a NASA investiu pesado no desenvolvimento de um veículo espacial capaz de ir e voltar à órbita de nosso planeta várias vezes e com o menor custo possível. Um verdadeiro contraponto as bilionárias missões Apollo que levaram o homem à Lua cujas naves só podiam ser usadas uma única vez.
Ainda no final dos anos 70, o que seria o protótipo do ônibus espacial entra em operação, a nave Constitution, que graças a uma campanha maciça dos fãs de Jornada nas Estrelas fora rebatizado de Enterprise, com direito a participação do elenco da série clássica e seu criador Gene Roddenberry em sua cerimônia de apresentação. A Enterprise jamais fora planejada para vôos espaciais. Sua missão era a de ser uma plataforma de testes de planeio e aerodinâmica das futuras naves do programa. Afinal, do momento em que reentrassem na atmosfera, os ônibus funcionariam como planadores, sem poder contar com seus motores para manobras. As fotos da Enterprise montada em um Boeing 747 para seus testes de vôo já se tornaram antológicas.
Teste aerodinâmico do Enterprise
Em 1981 o primeiro vôo da Columbia inaugurou a era dos veículos reutilizáveis, com a promessa de tornar o espaço mais acessível e com custos baixos. As agências espaciais européia e russa anunciaram seus próprios projetos de ônibus espacial, o Hermes e o Buran respectivamente. Aos olhos dos simples mortais parecia que o espaço estava cada vez mais próximo, tão próximo quanto à famosa sequência de '2001 Uma Odisséia no Espaço' onde uma nave da Pan Am levava passageiros e não astronautas a uma estação espacial. Ledo engano...
Apesar de serem maravilhas da engenharia, os ônibus espaciais são máquinas de uma complexidade imensa e logo ficou claro que o cronograma original de viagens ao espaço de duas em duas semanas jamais poderia ser cumprido. O custo de manutenção ficou muito acima do esperado, mas a NASA ainda considerava o projeto um sucesso. Com isso, os lançamentos se sucediam com bastante freqüência e mais naves foram lançadas ao espaço. A Columbia fora seguida da Challenger, Discovery e Atlantis. O mundo parou para assistir em 3 de fevereiro de 1984 a transmissão do primeiro passeio espacial sem o uso do cordão umbilical, em uma missão da Challenger. As imagens das missões enchiam a todos de orgulho e em plena Guerra Fria faziam as naves Soyuz parecer coisa da idade da pedra.
Em 1985 a NASA fez um concurso para selecionar a primeira pessoa comum a ir ao espaço. A professora Christa McAuliffe foi a vencedora e passou a representar o sonho de milhões de que o espaço estava para se tornar acessível a todos. Infelizmente em 28 de janeiro de 1986 a Challenger explodiu durante o lançamento matando Christa e todos os tripulantes. O acidente transmitido ao vivo horrorizou milhões de expectadores por todo o mundo. O sonho de viajar ao espaço se transformara num pesadelo e deixou a frota dos ônibus espaciais no chão por quase 3 anos a fim de torná-los mais seguros.
Os ônibus voltaram a operação em 1988 com a Discovery e mais uma nave foi adicionada a frota, a Endeavour, mas sem o glamour de antes. Os europeus acabaram por abandonar o projeto do Hermes enquanto os russos lançaram o Buran também naquele ano. Mas com a queda do império soviético, o financiamento foi cortado e o Buran, que parecia uma cópia do projeto americano virou peça de museu com apenas um vôo.
Os ônibus continuaram sua missão, lançando satélites, sondas espaciais, o telescópio Hubble e foram imprescindíveis na montagem da Estação Espacial Internacional (ISS). Sem contar as inúmeras experiências realizadas em baixa gravidade que resultaram em avanços nas áreas de biologia, medicina, engenharia entre outras. As memoráveis imagens das missões de reparo do Hubble ou da construção da ISS mostram apenas uma ínfima parte do legado dessas naves.
As missões prosseguiram, mesmo com a NASA enfrentando forte resistência do congresso americano por causa dos perigos e custos de manutenção. Em primeiro de fevereiro de 2003, uma nova tragédia acontece quando a Columbia se desintegrou em plena reentrada na atmosfera matando todos seus tripulantes. Com a pressão cada vez maior do Congresso e opinião pública, a NASA iniciou estudos para substituir os ônibus espaciais.
O chamado projeto Constellation foi apresentado com toda a pompa pelo presidente Bush. A ironia era que o projeto era uma volta aos dias da Apollo e suas naves descartáveis. O projeto encontrou séria resistência por ser demasiado caro, até que o presidente Obama resolveu engavetá-lo junto com o programa dos ônibus espaciais.
Agora os americanos dependerão das antiquadas naves russas Soyuz para irem ao espaço. Sem a popularidade da época da 'corrida espacial', a NASA focará seus recursos, cada vez menores, em pesquisa, enquanto a iniciativa privada ficará a cargo de desenvolver um novo veículo que um dia será capaz de levar os americanos ao espaço.
Quando a Atlantis retornar à Terra, chega ao fim um era marcada por fracassos e sucessos. Para aqueles que quando criança como eu, imaginava que em 2011 estaríamos indo rotineiramente ao espaço, os ônibus espaciais são um lembrete de quão perto e longe estivemos da fronteira final. Ainda sim, os ônibus espaciais são prova da inventiva capacidade humana de superar o insuperável e garantiram seu lugar com honras na história da conquista do espaço.