sexta-feira, 18 de novembro de 2011

De volta para o futuro (parte III)

por Fagon Jinn
7º da série FC vs Ciência

Como última parte da discussão sobre viagens no tempo, vamos passear entre as várias formas de como foi explorada nas obras dramáticas. Cinema, TV, livros, quadrinhos, e outras mais, é um tema recorrente, e uma ferramenta interessante para lidarmos com o amor, a tragédia ou mesmo a comédia, vide De Volta Para o Futuro (1985). Obviamente não podemos colocar tudo, ou teríamos que ter uma quarta parte para este tema. Mas tentamos apontar aqui os mais interessantes para o nosso debate. Aproveitem.


Na fantasia



Muitas ideias surgiram a respeito de viagens temporais na literatura, na TV e no cinema. Algumas muito interessantes. A maioria, no entanto, carece de um mínimo de lógica. Poucas são as histórias em que a viagem temporal é crível. 

Bill Murray - O Dia da Marmota (Feitiço do Tempo)
Já vimos muito o chamado “Efeito Dia da Marmota”, no qual um looping temporal prende o universo num período específico, e alguém que deve aprender uma lição retém a memória dos repetidos ciclos, até que ele descubra um meio de romper o loop e liberar o fluxo normal do tempo. Se isso acontece não temos como dizer, já que não retemos a memória dos ciclos decorridos, nossa mente é 'ressetada' a cada retorno. A idéia, originalmente, vem de um roteiro de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração, mas ficou popularizada no filme O Dia da Marmota (1993), e daí para uma infinidade de outros filmes e séries de TV.


Temos também o efeito “pedra no lago denso”. Nesta, explorada em Timecop (1994), uma alteração ocorrida no passado, tende a ir perdendo sua força no decorrer dos anos. Se uma alteração fosse feita com tempo suficiente para seu efeito desaparecer, não haveriam mudanças no presente. Mas se a alteração ocorresse a poucos anos atrás e fosse importante o suficiente para durar, o nosso presente sentiria a sua mudança, conforme a propagação da onda nos atingisse.

O contrário foi mostrado em O Som do Trovão (2005), em que uma mariposa esmagada no período jurássico produziu mudanças violentas e crescentes em todo o rumo da história, destruindo o presente como conhecemos, substituindo-o por outro mais selvagem e sem civilização.

Christopher Reeve - Em Algum Lugar do Passado
Em Efeito Borboleta (2004) e Em Algum Lugar do Passado (1980), vemos um tipo diferente de viagem no tempo. O processo é mais filosófico e metafísico. Prega-se que o tempo só existe em nossa consciência, e se acreditamos ou temos o poder de mudar nossa estrutura mental então mudamos a posição de nosso marcador temporal, mudamos de realidade e poderíamos alterar esse período.

HQ - Buck Rogers
Em muitas histórias (Rip Van Winkle, Buck Rogers, Capitão George Taylor), temos o protagonista que adormece no presente e acorda séculos depois. Este tipo de história tenta nos mostrar como pessoas de nosso período podem fazer a diferença ao aplicar nossa moral e rusticidade para solucionar problemas no futuro, onde o homem perdeu sua objetividade, ou sua tenacidade, e mostrar que o pragmatismo pode ser superior à indiferença que poderá tomar conta da civilização.

Em Jornada nas Estrelas, utilizam-se viagens muito acima da velocidade da luz (dobra temporal), parodiando a Teoria da Relatividade, na qual um objeto que viajasse em velocidade superior à da luz, poderia experimentar o tempo ao inverso. Para voltar ao futuro, no entanto, utilizar-se-ia o mesmo processo ou, como em certos episódios, um buraco de verme natural ou artificial (as famosas 'anomalias espaciais' de Jornada).

David Tennant - um dos Doctor Who
Doctor Who, em sua cabine telefônica policial dimensional, tem acesso à matriz multifásica que rege todas as dimensões, as infinitas realidades paralelas e o multiverso.

Marty McFly viaja para o passado ou futuro na criação de Emmett Brown, um inventor pouco convencional que constrói sua máquina do tempo num DeLorean. Nestas histórias eles aparentemente estão numa única linha temporal, mas se analisarmos cuidadosamente conseguimos identificar que, de fato, a cada mudança no passado eles trocam de linha temporal. Se a linha temporal fosse sempre a mesma, Marty teria que lembrar-se dos novos eventos, assim que ele tivesse mudado o passado. Mas o que vemos é que ele não sabe que seu pai tornou-se um escritor de sucesso, que sua família vive bem e que ele possui uma SUV na garagem. Isto significa que ele entrou numa nova linha temporal, da qual ele não fazia parte, por isso não tem a memória da situação corrente.

Se quisermos ver um filme que trabalha com a questão temporal com seriedade, este tem que ser o remake de A Máquina do Tempo (2002), e observar a conversa entre Guy Pearce e Jeremy Irons. Ali vemos uma análise sobre o paradoxo da motivação que é perfeita. E é perfeita, também, a solução encontrada pelo herói.

Primer de Shane Carruth
Num outro exemplo interessante de viagem temporal, temos o filme alternativo Primer (2004), Shane Carruth nos apresenta um ponto de vista, no mínimo, inovador sobre a questão dos duplos. Mas para entender o filme é preciso, ao final, dar uma lida na Wikipedia e ver todas as informações que ficaram ocultas.

Mas o que mais brinca com a nossa imaginação é, sem dúvida, O Exterminador do Futuro, suas quatro edições e série de TV (Terminator: The Sarah Connor Chronicles), aonde vemos um conjunto complicado de paradoxos reunidos para nos confundir e divertir.

Como seria um EUA-Nazi?
A aplicação mais interessante, em tudo isso, fica para o subgênero de ficção científica conhecido como ‘história alternativa’. Neste tipo de narrativa partimos de uma ocorrência no passado que poderia ter sido diferente, e então cria-se todo um contexto de ocorrências que molda um presente alternativo. O que aconteceria se, por exemplo, o governo dos Estados Unidos não tivesse apoio popular para entrar na guerra contra a Alemanha nazista? Em que situação o nosso mundo poderia estar agora?

E isso aí, exploradores, aqui concluímos as questões relativas ao tempo. Isso não é o fim da discussão, é apenas mais uma pimentinha para temperar nossas discussões. O que peço é que cada um dê sua contribuição a este assunto tão amplo e complexo. Obrigado pela atenção e paciência.
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No próximo artigo de nossa série 'FC vs Ciência' vamos falar de combates no espaço...

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