Cena de Jornada nas Estrelas |
- Enterprise, four to beam up! - Diz Capitão Picard para sua nave em órbita de Seti Alfa Quatro. O grupo desaparece em meio a brilhos e um som agradável que lembra um zunido eletrônico levemente musical.
Instantaneamente, na Enterprise, os quatro são rematerializados! Eles estão vivos, saudáveis, e idênticos aos que estavam no planeta, segundos atrás.
Arthur C. Clarke - escritor |
O que houve? Poderíamos dizer que isso seria um processo de feitiçaria... Mas alguém pode dizer – Ah! Arthur C. Clarke já disse que uma tecnologia muito avançada poderia parecer-se com magia para uma cultura mais primitiva.
Não somos uma cultura tão primitiva, e mesmo assim não poderíamos explicar o funcionamento de tal maravilha. Nós podemos imaginá-la, mas não elaborar uma teoria que esclareça o seu funcionamento.
Então vamos extrapolar. Quais seriam os possíveis esquemas de funcionamento de um sistema de teletransporte de matéria?
Há alguns anos houveram algumas publicações falando sobre o teletransporte de um fóton. É o chamado teletransporte quântico. Isto ainda é pesquisa e alvo de discussões acirradas sobre o fato de ser ou não definido como um teletransporte.
Werner Heisenberg - Nobel de Física |
Numa das propostas os pesquisadores alegam terem lido as informações de um fóton através de outro fóton. Isto porque o 'princípio da incerteza de Heisenberg' afirma que não se pode tentar saber a posição e velocidade de uma partícula sem alterar estas condições. Simplificando, ao se tentar localizar uma partícula ela muda de posição. No caso dos pesquisadores eles utilizaram outro fóton para coletar esta informação. O fóton original deixou de existir. O fóton com a informação foi transmitido a outro local e ali gerou um novo fóton que era idêntico ao fóton original. Isto está muito simplificado para facilitar o entendimento, mas não tem erros.
A pergunta que surge é: O que se obteve afinal? Não é mais fácil enviar o próprio fóton de um lugar para outro?
Cena de Star Trek - 2009 |
Ok! É! Mas... e aí vai um grande “mas”, o fato de conseguir obter as informações de uma partícula de luz sem alterar a sua condição é um feito importante. Quanto ao teletransporte em si, não posso dizer muito. O que vi até agora é que, em qualquer das experiências realizadas, é mais fácil levar a informação de uma forma convencional do que através destas experiências complicadas. Não chamaria a isso de teletransporte, em sua acepção comum. Acho que a ciência acaba aprendendo muito, no fim das contas. Mas nada que seja para uso prático.
Reator experimental de fusão a frio E-Cat |
É como a história da fusão a frio. Ao unirmos dois átomos de hidrogênio, obtemos um de hélio. Esta fusão gera muita energia. Mas para se unir hidrogênios, precisam-se forças muito poderosas. O Sol faz isso com sua gravidade gigantesca. Para fazermos aqui, na Terra, temos que produzir explosões periféricas, de forma que os átomos se fundam pela pressão da explosão. O resultado disso é uma bomba de fusão nuclear. A energia gerada é perigosa, destrutiva e não pode ser aproveitada. No entanto, fazer uma fusão a frio, sem explosões, requer-se mais energia do que se obtém ao final. Não vale à pena. E até agora as experiências de teletransporte me lembram a fusão a frio.
Em Jornada nas Estrelas, eles tentam explicar como funciona o princípio daquela tecnologia. A matéria é lida e decomposta, convertendo-se em energia. Essa informação é transmitida de uma máquina para outra onde, baseando-se nestas informações, o objeto é construído convertendo-se energia em matéria.
Vários tópicos são gerados a partir deste ponto. Poderíamos criar quantas cópias dos objetos ou pessoas quisermos, a partir destas informações. Se existir alma ou espírito ele é transportado para o novo, ou novos corpos também? Nossas informações poderiam ser virtualmente reconstruídas e passarmos a viver dentro de computadores? As questões surgem uma atrás da outra. Estes são temas para outros artigos.
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Mas como teria que ser um sistema de teletransporte verdadeiro? Me parece, que se queremos transportar alguém, desmaterializando e rematerializando em seguida, precisaríamos de um sistema de leitura de toda a estrutura orgânica de uma pessoa. Leitura de estrutura molecular de todo o organismo, cada átomo deveria ser registrado, com suas informações de carga, energia, forças a que estivesse submetido, etc. Essas informações teriam que ser armazenadas num banco de memória.
O corpo seria então decomposto, em nível atômico, e estes átomos lançados através de um duto ou campo de força que mantivesse toda essa matéria intacta, sem nenhuma perda. Do outro lado o equipamento leria as informações do banco de memória e remontaria, de alguma forma, todos esses átomos num novo corpo. Além disso cada átomo teria que receber a devida energia para que o corpo não congelasse ou ficasse quente demais, ao fim do transporte e montagem.
Outra possibilidade de funcionamento de teletransporte, mais viável no meu entendimento, seria abrirmos um buraco de verme entre um aparelho e outro e fazer a pessoa atravessar esta passagem, sem precisar de decomposição e reconstrução, como dito no artigo anterior, sobre viagens em velocidades acima à da luz.
Novamente, lidar com este assunto não é propriamente lidar com ficção científica. Aqui estamos nos campos da fantasia, e nada mais. A nossa ciência, contudo, ainda tem muito a aprender. E devemos sim, continuar a brincar com estas possibilidades. Talvez nunca venhamos a desvendar nada neste campo, mas com toda certeza aprenderemos muito.
No próximo artigo começaremos a falar sobre viagens no tempo...
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