A terceira temporada de Enterprise deu aos produtores e roteiristas a oportunidade de desenvolver um arco de episódios de vinte e quatro episódios, algo inédito em Jornada. À medida que a NX-01 adentrava à Expansão, mais sombrio ficava o tom da série. Isto se refletia também nos personagens. Archer deixa de ser o explorador otimista dos anos anteriores e se transforma num comandante militar com o peso do futuro da Terra em suas costas. Trip fica obcecado em vingar sua irmã, morta no primeiro ataque xindi. T'Pol se torna cada vez mais leal aos humanos. Sem contar a sensação de isolamento crescente da tripulação.
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Jolene Blalock como T'Pol |
É claro que nem tudo é perfeito. Para apimentar um pouco a série, T'Pol se aproxima cada vez mais de Trip. Nada contra isso, mas as tais massagens relaxantes da vulcana pareciam sempre fora do tom e nada acrescentavam. Alguns episódios tentaram sair do arco xindi, mas foram muito fracos, como em North Star por exemplo, uma “homenagem” aos filmes de velho oeste. Mas, talvez a bomba da temporada seja The Hatchery, onde, sob influência de uma substância alienígena, Archer coloca sua nave e tripulação em perigo para salvar um ninho cheio de ovos da espécie insectóide xindi.
Definitivamente, entretanto, temos muito mais melhores, que maus episódios. Há dois em especial: Twilight, que se passa num futuro alternativo em que a Terra foi destruída pelos xindi; e, Similitude, uma interessante alegoria sobre a clonagem humana. Estes estão entre os melhores de toda a Franquia.
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Esfera da Expansão |
O legal era que o público descobria, junto com Archer e turma, a real natureza da ameaça xindi. Tá certo que faltou um pouco de originalidade. O mistério envolvia seres de outra dimensão querendo alterar o futuro. Mas, isso pouco importava. A tensão e expectativa chegaram ao ápice no episódio final, quando, após derrotarem os inimigos, a Enterprise se vê em plena Segunda Guerra Mundial e Archer é capturado por nazistas alienígenas. Um final que levantou uma série de debates entre o público.
E a audiência? Mesmo com uma boa temporada, os números eram desanimadores. O estúdio resolveu dar uma última chance a série. Many Coto assume a produção da série e convoca o casal Reeves-Stevens, co-autores dos livros do Shatnerverse, como editores de roteiros e co-produtores.
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Observatório Temporal |
A quarta temporada foi dividida em mini-arcos. As estórias se resolveriam em dois ou três episódios no máximo. O primeiro deles resolveu a mal explicada Guerra Fria Temporal. A batalha entre a NX-01 e caças alemães da Segunda Guerra sobre os céus de Nova York compensa o roteiro confuso e cheio de furos. O arco xindi é concluído definitivamente no episódio Home, onde finalmente a tripulação retorna à Terra e tem que lidar com as consequências de suas ações na temporada anterior.
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Brent Spiner como Arik Soong |
Deste ponto em diante Enterprise finalmente faz jus a palavra prequel e começa a abordar temas que se tornariam parte da mitologia de Jornada nas Estrelas, principalmente a Série Clássica. As guerras eugênicas são tratadas num arco que contou com a participação de Brent Spiner, interpretando um antepassado do Dr. Soong. A origem dos vulcanos e a razão de seu comportamento tão atípico na série também ganharam um excepcional arco próprio. Archer teve consigo o katra de Surak que, simplesmente, é responsável por tornar os vulcanos aquele povo tão adorado pelos fãs de Jornada nas Estrelas. Os romulanos ganharam um arco próprio que leva aos primeiros passos da criação da Federação. Ficamos conhecendo a verdadeira razão dos klingons da Série Clássica serem diferentes dos que aparecem nas demais, num arco em que, a la "Velocidade Máxima", a Enterprise não pode sair de dobra cinco ou explodirá. E ainda temos Trip sendo transportando por um cabo entre duas naves em formação e em dobra... É mole ou quer mais? Até mesmo o Universo Espelho é revisitado, pegando os eventos de "A Teia Tholiana" da Série Clássica.
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T'Pol do universo espelho |
Os episódios simples infelizmente foram fracos. Nem mesmo trazendo as verdes escravas de Órion, ou fazendo referências à origem do teletransporte, ou à origem dos organianos foram interessantes. Prá piorar a situação, em fevereiro de 2005, o cancelamento da série é anunciado. A UPN perdera o interesse em produzir Enterprise. Os números de audiência eram tão ruins que até mesmo Battlestar Galactica na TV à cabo estava levando a melhor.
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Peter Weller como John F. Paxton |
Ainda assim, o arco final mais uma vez traçava o caminho para a criação da Federação, ao mesmo tempo em que falava de racismo, contando ainda com a presença do sempre excelente Peter Weller como vilão.
Se era para acabar, que tivesse sido com Terra Prime. Infelizmente, eis que Rick Berman resolve voltar à ativa para o último episódio, These Are The Voyages. O último momento de Enterprise na TV se passa no holodeck da Enterpise D!? É isso mesmo, a estória se passa na sétima temporada de A Nova Geração, mais precisamente no episódio The Pegasus, onde Troi e Riker veem a recriação de um momento crucial para a tripulação da NX-01, que pode ajudar Riker a tomar uma importante decisão... Resultado: Horrível!!! Berman que já era considerado o responsável pela má fase de Jornada, de quebra decide matar Trip, na despedida da série e sem nenhuma necessidade.
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Enterprise NX-01 |
Muito já se discutiu sobre o cancelamento de Enterprise, ou o motivo dos fãs a terem abandonado. A resposta não é tão difícil. Com um produtor que, se no início fora extremamente competente, mas que ao longo dos anos se tornara prepotente a ponto de jamais levar em conta os fãs e sistematicamente ignorar a Série Clássica, a resposta parece óbvia. Uma pena. Enterprise merecia uma chance, mas esta jamais lhe foi dada, tanto pelo radicalismo do fandom, quanto de seus produtores.
O que teria sido a quinta temporada? Muito provavelmente o andoriano Shran (Jeffrey Combs) seria um personagem regular, devido a sua enorme popularidade e teríamos a famosa Guerra Romulana, momento ímpar da mitologia Trek e que jamais aparecera num episódio. Prometia...
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Pocket Book de Enterprise |
Para aqueles que conhecem um pouco de inglês e sentem falta da NX-01, há uma série de livros onde não só Trip está vivo, mas também tem papel fundamental no conflito Terra-Romulus. Aqui vão os nomes: Star Trek Enterprise: The Good That Men Do, Star Trek Enterprise: Kobayashi Maru, Star Trek Enterprise: The Romulan War - Beneath the Raptor's Wing e Star Trek Enterprise: The Romulan War - To Brave the Storm.
E assim, amigos exploradores, damos por concluída esta série de artigos sobre as séries modernas de Jornada. Esperamos que apreciem e que possa contribuir para continuar discutindo estes
aspectos tão importantes dentro da Franquia.
Vida Longa e Próspera!
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