sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ficções científicas envolvendo genética

por Fagon Jinn
2º da série FC vs Ciência

Sendo um dos assuntos prediletos em FC, vemos todo tipo de ocorrência, desde manipulações genéticas até clonagem. Alguns acertam outros viajam loucamente. Mas entre viagens e acertos vemos coisas curiosas e instigantes.

Jurassic Park (1993)
O que me vem primeiro à mente é o fantástico e arrebatador Jurassic Park (1993). Esta série de filmes produzidos por Spielberg e os dois livros escritos por Michael Crichton, são extremamente interessantes e até se aproximam muito do que poderia ser algo realizável, principalmente por uma descrição cuidadosa, bem pesquisada e utilizando-se de muita ciência real.

Cena de Jurassic Park
Se fôssemos tentar criar dinossauros hoje, o que teríamos que fazer? Em primeiro lugar, teríamos que reprojetar todo o sistema respiratório dos espécimens, já que no período jurássico, a concentração de oxigênio na atmosfera era consideravelmente maior, o que, teoriza-se, propiciou os grandes animais. Então teríamos que modificar todo o sistema digestivo, para que estes animais pudessem se alimentar de plantas e animais do nosso tempo, com todo um conjunto protéico diferenciado. Depois viria a adaptação do sistema defensivo, para evitar que as doenças atuais os atingissem. Por fim um processo de programação para as condições ambientais atuais, e poder conviver com as restrições e as limitações de área, número de indivíduos, métodos de alimentação, sexualidade e maternidade. Se é que seria possível, já que mal sabemos onde isso se situa em nossa carga genética. Pior ainda para alterar essa programação, de bilhões de anos de desenvolvimento, em algumas décadas. Ao fim de tudo, não teríamos dinossauros, mas uma imitação nada barata. Algo que não poderia ser utilizado para nada além de um zoológico. Não haveria interesse biológico, já que não haveriam segredos a ser descobertos. Nós os projetamos, então é só perguntar ao programador o que esperar de cada um e pronto. Acabou-se qualquer proposta de monografia. Só quem escreveria sobre estes animais seriam jornalistas, publicitários e blogueiros.

IDIC - Infinita Diversidade, Infinitas Combinações
Jornada nas Estrelas gosta de juntar alienígenas de espécies diferentes e gerar meninos. Qual a possibilidade? As mesmas que teríamos em recriar dinossauros. Teria que ser a construção completa de um genoma, que ao final só teria os traços dos seus progenitores. Jamais poderíamos combinar seres de linhagens tão distintas quanto uma rã e uma tartaruga.

Híbrido entre humano e klingon
Se cruzamos cavalos e jumentos, obtemos burros e mulas, que são estéreis. E são muito aproximados na escala evolucionária. Não é possível cruzarmos símios com humanos, muito, muito próximos na comparação genética. Cruzamento de espécies de mundos diferentes, é algo aceitável apenas para compor a licença poética desenvolvida na Franquia, visto que a narrativa busca atingir o fim do preconceito em todas as vertentes possíveis.

Poster de A Mosca da Cabeça Branca
Neste rol poderíamos incluir A Mosca da Cabeça Branca (The Fly – 1958) e todas as suas sequências e reboots. Um computador unifica duas espécies separadas por meio bilhão de anos de evolução. Respeito a esta máquina. Perfeito exemplo de Deus Ex Machina.

Gattaca (1997), por outro lado não tem nada que a ciência não possa realizar. Aliás, é um exemplo perfeito de ficção científica: busca nos alertar onde o uso irresponsável do conhecimento pode nos conduzir. Um homem gerado sem as melhorias da manipulação genética poderia ser discriminado pela sociedade dos humanos aperfeiçoados. Nesta sociedade, as profissões são definidas pelas características programadas nos núcleos de suas células. É o fim da liberdade de escolha, seríamos gerados e destinados a um trabalho desde nossa concepção. Melhor? Pior? É a questão levantada pela obra. Cabe a nós encontrarmos estas respostas.

Alter ego de Mila Jovovich
Em 'A Experiência' (Species – 1995), alienígenas nos enviam uma codificação genética que, misturada ao nosso ADN, gera um soldado programado para se procriar e destruir-nos. Esse só dá para engolir desligando o cérebro e não tentando entender as possibilidades científicas. Mas o pior ainda vem com as metamorfoses instantâneas, produzindo exoesqueletos e 'desproduzindo', sem timidez. Por fim, o mutante ainda consegue se salvar contaminando um camundongo. Este passa a ter todas as características possuídas pelo mutante quando era meio humano.

Por fim temos Planeta dos Macacos: A Origem (2011) e podemos incluir aí A Batalha do Planeta dos Macacos (1973) e Planeta dos Macacos (2001) de Tim Burton. Todos tentam esclarecer como seria a possível explicação científica de como chimpanzés, gorilas e orangotangos, se tornam seres dominantes no nosso planeta. É preciso desligar o cérebro nestes aqui, também. Não existe uma possibilidade viável de termos uma involução de uma espécie e a evolução de outra sobre a primeira.

Uma evolução leva milhares de anos para se firmar. Ou seja, os ursos brancos não surgiram de uma geração para outra, nem em décadas, nem em séculos. Mas foram precisos milhares de anos até que toda uma população de ursos coloridos perdessem espaço para os mutantes brancos, e estes, por fim, conseguissem eliminar toda e qualquer preponderância de genes coloridos.

Cezar no novo filme Planeta dos Macados: A Origem
Mas vamos falar de inteligência. Acredita-se que o desenvolvimento da inteligência pode ter começado a mais de dois milhões de anos, quando os primeiros primatas teriam surgido. Então uns poucos mutantes conseguiram alguma diferenciação. A partir de então, qualquer possibilidade de se pegar um cérebro que derivou por outras ramificações da evolução, e que obviamente não conseguiu desenvolver uma linguagem mais rica, ou atitudes mais direcionadas a suplantar as dificuldades ambientais, uma laringe, cordas vocais, controle motor de todo este conjunto, etc, de um dia para outro, por força de vírus e outras manipulações genéticas tornar-se mais inteligente que o ser humano médio, e ainda falar, foge a qualquer crivo de realidade.

A evolução nos projetou durante milênios, e ainda está tendo trabalho. Os chimpanzés estão evoluindo, apenas para se adequarem cada vez mais ao seu meio. Nós poderíamos através de um processo eugênico selecionar os símios mais inteligentes e os aperfeiçoar, mas iríamos levar séculos de procriação para podermos ter um animal que pudesse competir em alguns aspectos da inteligência humana. Contudo, para termos um ser pensante, racional, capaz de falar, de projetar estratégias dentro de um ambiente multidimensional, seria necessário uma ajudinha divina, ou demoníaca.

No próximo falaremos de viagens interestelares... até... 


2 comentários:

  1. Acho que foi o Carl Seagan que disse uma vez ser mais fácil um homem cruzar com um esquilo do que um cruzamento entre espécies supostamente de diferentes planetas... Bye Bye Mr. Spock!

    ResponderExcluir
  2. Realmente, como estamos num mesmo ramo evolucionário, temos muito mais genes em comum com os esquilos, do que em qualquer outro padrão de desenvolvimento genético em outro planeta. Grato pelo comentário.

    ResponderExcluir