Nas séries de ficção científica da televisão, nos filmes dos cinemas, na literatura ou nos quadrinhos temos um tema recorrente: a realidade virtual.
Mas o que se entende por realidade virtual e como é seu modus operandi?
Realidade virtual é a reconstrução ou criação de um ambiente num simulacro. O ambiente pode ser aberto, quando o usuário pode tomar qualquer decisão em relação a esse meio, ou pode ser restrito, o mais comum, onde o usuário tem ações e liberdades contidas por uma série de limitações e regras. Nestes simulacros, exige-se comprometimento do usuário às condições e limitações do sistema utilizado para que a sensação de realidade possa ser proveitosa.
Em alguns casos temos geração de ambientes simplistas, com imagens construídas apenas vetorialmente, noutros existem 'renderizações' sofisticadas e detalhamento de som, luz e perspectivas.
Em geral, os sistemas de realidades virtuais mais sofisticados se utilizam de computadores e capacetes especiais, nos quais contamos com um tipo especial de óculos com pequenas telas de OLED (Organic Light-emitting Diode - diodo orgânico emissor de luz), fones de ouvidos de alta performance, microfone, e nos mais atuais, pode se ter plataformas, com ou sem cadeiras, que vibram e movimentam-se para acrescer sensação de deslocamento, mais luvas e outros equipamentos que visam provocar no usuário a impressão de resistência, textura de superfícies, calor, etc.
Embora ainda não exista comercialmente, os laboratórios de pesquisas já contam com equipamentos que podem lhe imergir absolutamente no simulacro. Exoesqueletos com sensores, reatores e servomotores podem produzir a perfeita ambientação posicional e reagir às suas ações. Os sistemas óticos e auditivos chegam à perfeição, permitindo ver e ouvir de uma forma mais intensa que a realidade.
Os programas tem evoluído na mesma proporção, e hoje sistemas de inteligência virtual são imprescindíveis para reagir com rapidez e flexibilidade às ações do usuário, permitindo respostas mais rápidas e compreendendo as requisições escritas ou verbais com entendimento contextual.
Mas nem tudo o que vemos no cinema ou TV podem ser considerados como ficção científica hard. Hoje em dia, provavelmente dentro da chamada licença poética, vemos muita fantasia científica, no que tange à realidade virtual. Matrix, Stargate SG-1, Deep Space 9, entre muitas outras séries e filmes que tratam deste tema, cometem erros seríssimos em relação ao 'como funciona' quando temos uma mente conectada a um sistema de realidade virtual.
Imagine que você está jogando um videogame, e está operando as funções dentro do jogo por um joystick. O usuário, nesta condição, opera os controles deste jogo, utilizando as mãos, e estas, por sua, vez são comandadas pelo cérebro.
Capacete do piloto do F-35 |
Suponha agora que o jogo evoluiu, e neste contexto temos um controle mais sofisticado, assim como os modernos caças norte-americanos que possuem controles baseados em posicionamento da cabeça e dos olhos, chegando inclusive a possuir alguns comandos que podem ser acessados pelo pensamento. Como funciona isso, ainda é segredo militar, mas sabe-se que os capacetes possuem sensores semelhantes aos de um aparelho de eletroencefalografia, fazendo uma constante leitura das ondas cerebrais. Com algum treinamento o piloto pode acionar alguns armamentos e realizar algumas outras funções, de forma mais rápida.
Digamos agora que o jogador realizou uma cirurgia que instalou alguns conectores ao cérebro, e permite que o cérebro receba os estímulos diretamente em seus centros ótico, auditivo, táctil, olfativo, palatal e de equilíbrio. A nossa tecnologia atual, ainda, não permite isso, mas não falta muito. Num caso assim, o usuário se conectaria ao programa diretamente, sem passar por músculos, terminações nervosas, sensoriais, etc. Isso permite que seja encurtado o caminho, acelerado o processo de troca de informações e os mecanismos de ação e reação.
Neste desenho, as informações são levadas para o cérebro, que raciocina e envia a resposta ao programa, que poderia ser a informação necessária para se mover uma perna, por exemplo. Sendo assim, teríamos uma pessoa movendo sua perna real, e sua perna virtual, já que os nervos do organismo do usuário devem estar intactos, caso ele seja saudável, e tudo ocorreria como num sonho em que muitas vezes ao sonhar a pessoa se movimenta enquanto dorme. Na maioria das vezes não nos movemos durante o sonho, mas isso acontece porque estamos num estado diferente, estamos no reino do inconsciente. O que não ocorre, por exemplo, num jogo, quando a mente consciente está ativa.
Observem que em nenhum destes casos houve um upload da mente do usuário para o computador, ou vice-versa. Estamos falando em sistemas que o fazem acessar e reagir às interfaces de máquinas, e só. Não há aí uma transferência da personalidade do usuário para o interior da máquina.
Mesmo que houvesse a possibilidade de transferência de uma mente para uma máquina, seria apenas uma cópia das informações armazenadas na mente do usuário. A nossa mente funciona através de conexões biológicas, com trocas de impulsos elétricos e reações químicas. Jamais poderíamos, ao passar nossas informações para um banco de memória, apagarmos os processos eletroquímicos e rompermos as conexões biológicas, representadas pelos dendritos e todo o processo sináptico que estrutura nosso cérebro. Isto quase que equivaleria a um processo de teletransporte, no qual desmaterializaríamos nosso cérebro e o transformaríamos em códigos binários dentro de uma rede neural. Algo semelhante ao que acontece em Tron (1982).
Portanto, amigos exploradores, não acreditem quando dizem que a pessoa não pode ser desconectada bruscamente de um processo de realidade virtual. Ou que lesões ocorridas no mundo virtual atingiriam o corpo físico. Você poderia até sentir dor, se as conexões equivalentes estivessem conectadas, mas brincar com o processo endocrinológico é algo muito mais complexo. E implicaria ter que desligar tais terminações nervosas do córtex, e redirecionar para o controle de uma máquina. Isto é apenas devaneio de um conto de fadas tecnológico
Em verdade, quem morre na Matrix, perde uma vida no jogo, mas não morre no mundo real.
Fontes, gostei bastante dessa matéria, aproveito para lembrar de um filme muito bom que aborda essa tecnologia, "Strange Days" (Estranhos Prazeres) de James Cameron dirigido por Kathryn Bigelow, ô filmim baum!!! Vou baixar AGORA!!! Segue um link do IMDB - http://www.imdb.com/title/tt0114558/
ResponderExcluirAss.: Rodrigo Alpoim
Ok, Rodrigo, obrigado pelos elogios. Eu conheço o filme, realmente é bem divertido. Grande abraço,
ResponderExcluirFargon Jinn