sexta-feira, 4 de maio de 2012

The Hunger Games

CRÍTICA CINEMATOGRÁFICA
Jogos Vorazes

por Fargon Jinn

Interessante conceito este, discretamente apresentado, nesta nova saga da Lionsgate. Na verdade muita gente assiste ao filme e vê um jogo de caça e caçador, onde os dois fatores são humanos. Pior, são adolescentes. Pior, são garotos fortes, crescidos e treinados contra garotinhas criadas na roça. Pior, tudo é orquestrado por adultos. E consegue piorar mais? Claro que sim. Por que parar agora? O fundo do poço é mais embaixo. Para piorar mais, vemos aqui um Big Brother from Hell. Tudo é televisado e orquestrado para que os patrocinadores invistam seus recursos naqueles jogadores (adolescentes) mais populares.

A audiência vai sendo apresentada a um mundo moribundo
Agora vem o pulo do gato: tudo é a mais porca e mais descabida política. Estes jogos trazidos por estes livros e filmes, na verdade está descortinando uma realidade política. É cruel, mas é verdade, os poderes da "Nova Ordem Mundial" tentam manter o grosso da população na ignorância e inépcia.

1984, revisitado?!

Um livro profético?
Estamos olhando para a versão moderna de 1984. Isto é uma pantomima política. Ali é mostrado que busca-se favorecer uma elite de privilegiados (habitantes da Capital). Estes, para nadarem na fartura e na opulência, exploram a população desfavorecida, de descalços e descamisados, que passam fome, doenças e miséria (habitantes dos doze distritos).

Mas não acaba aí. Existe outra camada nesta história. Existe um outro nível de dominantes, quase ocultos, como devem ser. Estes são os verdadeiros arquitetos desta estrutura. Estes criam o circo para apaziguar e distrair tantos os distritais, como os capitais.

A função deles é reger esta orquestra política, e dizer quem realmente deve ser o popular e quem é o vilão.

Mocking Bird (pássaro brincalhão) símbolo da luta
representa o descaso à ordem dominante
Tudo deve ser balanceado para manter o nível de ‘esperança’, segundo o autor, o sentimento mais forte depois do medo. E para isso os vencedores devem ser construídos cuidadosamente. Eles devem gerar apenas a quantidade necessária daquele sentimento.

Para que não hajam levantes populares, as emoções devem ser produzidas dentro de um patamar suficiente apenas para que as pessoas anseiem pelo próximo embate, e não queiram resolver as injustiças mano-a-mano.

Isso não existe no mundo real

Isto pode ser levado às últimas consequências?
Isso não se parece muito com algo familiar? Futebol?! Ultimate Fight Constest?! Big Bosta?! Não, não, não, mera coincidência. Não iriam esfregar estes filmes na cara da gente, se fosse verdade, iriam? Eles não achariam que seríamos tão cegos...!

E nós, poderíamos algum dia, num futuro incerto, apreciarmos estes tipos de jogos? Em minha opinião: jamais. Nós estamos evoluindo. Não temos mais gladiadores. Agora são apenas lutas enjauladas. Não gostamos mais de jornais sangrentos. Hoje, só gostamos do Datena e da internet sensacionalista. Não queremos ver ninguém se arrebentando. Só nas videocassetadas.

Análise do filme

Gary Ross já desistiu de dirigir a sequência
Um roteiro bem desenvolvido, edição bem realizada, e uma ótima direção de atores e de cena. O cansativo é essa brincadeira de câmera com Parkinson. Isso é irritante e reduz em muito a compreensão da cena.

Catching Fire está com Francis Lawrence
A ideia de reduzir a violência explícita através destes movimentos de câmera não é novidade e nem inteligente. Isso é recurso de um diretor com pouca imaginação narrativa.

A música, edição de som e efeitos sonoros estão irretocáveis. Assim posso dizer, também, dos efeitos visuais e da fotografia. Maquiagem e figurino com certeza valem uma indicação para os prêmios da Academia ou o Globo de Ouro.

Embora parte destes atores sejam adolescentes, e dia desse estavam estreando filmes com temática infantil (Ponte Para Terabítia e Os Seis Signos da Luz), todos saíram-se muito bem em seus papéis. E não vejo aqui nenhum digno de destaque, excetuando-se a beleza de Jennifer Lawrence (a Mystique de X-Men: Primeira Classe)

Saldo e méritos

Personagens belos e cativantes
É um filme muito divertido. Realmente envolve. Não deve ser assistido com preconceitos. Pense apenas em se divertir e a partir de então vá analisando. As músicas e toda a sonografia realmente compensa e a história empolga.

As bilheterias brasileiras que, a princípio, foram desfavoráveis estão se recuperando, o boca-a-boca está fazendo o seu papel. Nos States as bilheterias bateram recordes e as sequências já estão garantidas.

Vou agora procurar os livros. Que chegue logo a Amazon Brasil e seu maravilhoso Kindle. Setembro ‘tai’ gente.

Jogos Mortais (The Hunger Games): 2012, EUA
Direção: Gary Ross
História: baseado no livro homônimo de Suzanne Collins
Roteiro: Suzanne Collins, Gary Ross e Billy Ray
Música Original: James Newton Howard
Edição: Christopher S. Capp, Stephen Mirrione e Juliette Welfling
Elenco: Stanley Tucci, Wes Bentley, Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson e Woody Harrelson

Nossa avaliação:
Delta-Shield Prata

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