NIMITZ - DE VOLTA AO INFERNO
por Fargon Jinn
Hoje tive o renovado prazer de re-assistir a um bom filme de ficção temporal. The Final Countdown (1980), conta a história de um super porta-aviões da 3ª Frota do Pacífico nomeado em homenagem ao Almirante-de-Frota Chester William Nimitz (último, na história, a atingir este posto), e responsável pela extraordinária performance da marinha estadunidense, nos combates do Pacífico, durante a 2ª Guerra Mundial.
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CVN-68 USS Nimitz |
No filme, uma estranha tempestade atinge o Nimitz e o transporta para 6 de dezembro de 1941, na véspera do ataque japonês a Pearl Harbor, no Havaí.
Imaginem o que seria o choque de duas tecnologias com 40 anos de diferença. A humanidade vem avançando em velocidades tão crescentes no que diz respeito à ciência e tecnologia, que alguém de 1990 poderia ficar chocado ao ver um iPhone, no qual pode-se falar e ver o seu interlocutor, localizar-se por GPS, ou fazer e editar um filme de alta definição em questões de minutos.
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Válvula 1945 - Circuito Integrado 1975 |
O choque entre as tecnologias da década de quarenta, onde a válvula é o estado da arte em eletrônica, o que diriam se vissem um chip de circuito integrado com dois milhões de transistores e resistores, fazendo cálculos de balística ou controlando os aviônicos de uma aeronave.
Eles se deparam com uma situação sui generis, onde possuem tecnologia e armamento suficientes para destruir, incólumes, toda a frota de ataque japonesa. Para isso, contudo, iriam mudar a história para sempre.
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F-14 e sua asa de geometria variável |
Imaginem aviões com geometria variável (Tomcat F-14), velocidade mach 2 (quando a barreira do som só seria ameaçada mais de meia década depois), mísseis teleguiados, radares à bordo de cada aeronave, sistema de radiofonia de altíssima qualidade, energia nuclear nos motores e ogivas do navio, técnicas de combate e estratégias testadas e aprimoradas. Enfim, uma quantidade absurda de inovações e potência de combate que imediatamente colocaria os Estados Unidos à frente de qualquer nação, tornando-os soberanos globais, técnicamente, comercialmente e politicamente falando.
Um exemplo disso ocorre no começo do filme, quando dois Tomcats "passeiam" ao redor de dois caças-bombardeiro japoneses, os famigerados Mitsubishi A6M “Zero”. Estes aviões foram considerados os melhores do mundo durante a guerra e só começaram a perder sua hegemonia quando, já no final, surgiu o P-51 Mustang. Na história, os pilotos japoneses observam os jatos americanos como se estivessem vendo OVNI’s. A velocidade, a manobrabilidade, o design, as asas móveis, tudo incomparavelmente superior a qualquer aeronave pelas próximas duas décadas. Um dos japoneses chega mesmo a disparar suas metralhadoras de 7,7mm e 20mm contra um F-14, mas é como se estivesse jogando bolinhas de papel, os projéteis não chegaram nem perto do alvo.
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Efeitos fracos - baixo orçamento |
A produção apresenta alguns problemas. Os efeitos utilizados na transição temporal, por exemplo, são infantis, mesmo para a época. Nota-se que não houve uma preocupação maior com estes aspectos, afinal o tema central está na ética, na moral, na disciplina, no juramento e no patriotismo, do que em toda a questão científica.
Martin Sheen é outro exemplo: atua num papel pequeno, até dispensável, diria. Canastrão conhecido, não fez um bom uso do personagem, nem desenvolveu suas potencialidades.
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Kirk Douglas como Cap Matthew Yelland |
Por outro lado é muito bom ver o espetacular Kirk Douglas, ainda no pico da forma, dando um exemplo de um bom trabalho. Pena que o papel não exigiu tanto do ator. Problemas de roteiro e direção.
Falando de um patamar técnico, a edição e as tomadas são impecáveis. A fotografia é impressionante, e te coloca em meio ao Pacífico, rodeado por 75.000 toneladas métricas de puro aço e 6.000 tripulantes. Costumava, quando criança, ler e ver tudo o que se relacionava à frota naval dos Estados Unidos, tentava me imaginar vivendo numa pequena cidade que pode se deslocar à vontade pelos portos do mundo, com sua economia e vida social próprias. Nestas frotas existem esportes, cinema, escolas, shoppings, fast-foods, encontros sociais com churrascos, academias, centro de pesquisas, meteorologia, garotas, etc, só faltam os jardins, crianças e animais, de resto é uma comunidade completa.
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Neste filme podemos observar o dia-a-dia dos diversos setores do navio, seu funcionamento, o deque de voo com todos os detalhes de recepção e lançamento de aeronaves dos mais variados tipos, além dos rigorosos procedimentos disciplinares, de segurança e operações empregados na armada.
O diretor, Don Taylor (falecido em ’98), não fez nada expressivo (além de muitos seriados e filmes para a TV, dirigiu A Fuga do Planeta dos Macacos -1971, A Ilha do Dr. Moreau - 1977 e Damien – A Profecia II – 1978), e diria com tranquilidade que este é o seu melhor trabalho.
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Poster original para o mercado americano |
A melhor versão para DVD e Blu-ray voltou a ser em 2.35:1, como no original. Houveram lançamentos em 1.78:1 e full-screen para VHS e DVD, e está remasterizado.
O filme tem duração de cento e dois minutos e é pura diversão, “pipocão de primeira”.
Nimitz – De Volta ao Inferno (The Final Countdown): 1980, EUA
Direção: Don Taylor
História: Thomas Hunter, Peter Powell e David Ambrose
Roteiro: David Ambrose, Gerry Davis, Thomas Hunter e Peter Powell
Elenco: Kirk Douglas, Martin Sheen, Katharine Ross e James Farentino
Nossa avaliação:
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Delta-Shield Prata |