sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Starship Troopers

O que são e como devem funcionar
armas de energia


por Fagon Jinn
10º da série FC vs Ciência

Starship Troopers (1997)
Umas das armas mais legais que eu já vi no cinema são os fuzis dos mariners em Tropas Estelares (1997).

Esta obra-prima clássica de Robert A. Heinlein, foi muito mutilada no cinema. Compreensível. Heinlein escreve sobre ficções sociais, como um subgênero da ficção científica. O ponto focal deste livro é o questionamento do que é a verdadeira cidadania. Sob um ponto de vista 'espartano', o verdadeiro cidadão é aquele que está disposto a dar a sua vida para defender a sua sociedade, e só ele pode ter os direitos plenos de cidadania. Os demais apenas usufruem de algumas comodidades, mas não podem governar, votar e nem obter todos os benefícios sociais. Só um soldado torna-se um cidadão.

Retratar isto no cinema seria um desastre. Sabiamente, em nome da diversão, eles optaram apenas pelo enfoque da ação.

Disparador de projéteis-agulha
Mas, Tropas Estelares nos mostra um armamento que, baseado nos desenvolvimentos atuais, é bem possível, bem realista. A arma de projétil não está fadada a desaparecer. Não concordo com filmes futuristas nos quais em cinquenta anos ainda estaremos utilizando armas de pólvora e projéteis de chumbo. Existem, atualmente, armas que disparam agulhas tão finas, e tão rapidamente que podem seccionar o corpo humano como uma espada samurai. São ainda protótipos mas as propostas são promissoras. O interessante é que uma arma desta pode disparar substancias paralisantes, ao invés de ser mortal ou mutilar.

Mas o que vemos de mais comum em termos de armamento, em FC, são as pistolas e canhões lasers, phasers, disruptores, desintegradores, espadas de luz,  etc.

Star Trek Phaser
Vamos olhar a realidade nestes desenvolvimentos.

Nos anos 60 dizia-se que uma pistola laser poderia vir a ter o poder de desintegrar um corpo. Um laser que tenha poder para converter matéria em energia instantaneamente, deve portar um reator nuclear como fonte de energia. Existem laseres com altíssima potência, mas nada portátil, e seu uso consome uma energia absurda, gera um calor infernal em cada componente e deve ser utilizado com pequenas descargas. Não seria nada parecido com uma metralhadora laser. E ainda não se sabe se consegue desintegrar um corpo. Pode carbonizá-lo, dando-se muitas descargas. Fazê-lo desaparecer? Não!

Fio e gravação com laser
O laser tem muitos usos. Existem bisturis, equipamentos de solda, cortadores de papel a metal e até afiadores de faca que dão têmpera e cristalizam os fios de corte. Mas ser usado como arma ainda não é uma realidade.

Quando assistimos aos filmes de combate espacial vemos sempre aquele facho de luz que sai como um jato de alguns metros, em rajada, e os observamos percorrer uma distância do espaço. Lembrem-se que armas de energia disparam feixes à velocidade da luz. Portanto, se pegarmos um desses apontadores laser que usamos em palestras, numa noite escura, num local aberto, e apertarmos o botão teremos um feixe que instantaneamente percorrerá milhares de quilômetros. Não será visível, exceto no ponto em que toca um obstáculo, ou atravesse nuvens de gases e poeira. Portanto não seriam visíveis e muito menos formariam aquelas linhas tracejadas. Seria um único e, potencialmente, infinito facho.

Mas as armas baseadas em luz têm um ponto fraco. Não é necessário que desenvolvamos nenhum tipo de campo de força para nos proteger. Basta que envolvamos o provável alvo num espelho. Está criada a defesa perfeita.

Campo de força
Quando pensamos em armamento, o que precisamos é desenvolver um método de disparar uma descarga de radiação eletromagnética, com alta potência e extremamente concentrada. Esta sim poderia ser uma arma com uma eficiência maior e que precisaria de um escudo neutralizador para a proteção do alvo. Imagine um microondas de altíssima potência direcionado para um ponto específico, com precisão cirúrgica. Esta arma produziria estragos bem piores para qualquer tipo de alvo. Podemos ajustar a frequência de ressonância eletromagnética para qualquer tipo de material e destruir o que quer que exista na linha de tiro. O problema é conseguir que este feixe coerente de ondas atinja apenas o objeto alvo. A energia necessária também teria que ser enorme, estaríamos, de fato, fazendo o papel de uma estrela. Na natureza, as estrelas geram este tipo de fluxo de energia. Não morremos disso por estarmos protegidos pela atmosfera terrestre e pelo campo eletromagnético gerado pelo planeta, estes são os escudos naturais que nos protegem destes geradores de microondas cósmicos. Vemos um exemplo disso no filme O Núcleo (2003).

Sabre de Luz - Star Wars
Todo resto, de phasers a sabres de luz não passam de fantasia. Não temos tecnologia nem teoria para tais tipos de armamento. São lindos, compõem muito bem nossas space operas, mas não passam de licença poética.


Então amigos exploradores, sem muito mais delongas e expeculações, encerro aqui esta série de artigos sobre os conflitos entre a ciência e a ficção científica. Mas não vamos parar de trabalhar as questões científicas. Em artigos futuros vamos debater os desenvolvimentos da ciência, e como deveríamos nos portar diante das novas conquistas tecnológicas. O que devemos buscar e o que pode vir a ser nocivo. Queremos falar de robótica, transhumanismo, genética, a busca por vida fora da Terra, inteligência artificial, etc.

Deixo aqui um agradecimento que muito me honra: a atenção e o acompanhamento de vocês. Muito obrigado!

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