sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Super 8

por Helder Maia

Quando eu estou assistindo a um filme, eu meço o nível de satisfação que estou tendo por quantos “Puta que pariu, que filme legal” eu penso ou falo comigo mesmo. Então, após três satisfatórios “Puta que pariu” eu cheguei à conclusão de que estava vendo a um filme especial e não a um mero exemplar de filme-pipoca do verão americano. E este filme foi Super 8, escrito e dirigido por J. J. Abrams.

Poster assinado por Drew Struzan
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Não vou mentir, sou um quarentão e, portanto, um dos grandes atrativos para mim (o qual talvez aliene o público contemporâneo) foi o fato de Super 8 capturar a essência dos filmes de adolescente dos anos 80 que assisti em minha infância, como Goonies, De Volta Para o Futuro e O Enigma da Pirâmide. Não por acaso todos eles produzidos por Steven Spielberg, que também assina a produção de Super 8. Este aspecto é ainda mais reforçado pelo fato do pôster de Super 8 ter sido desenhado por Drew Struzan, o mesmo responsável pelos pôsters de Indiana Jones, Star Wars e os dois primeiros filmes citados acima. Me senti transportado no tempo: era como se estivesse assistindo a um filme nos saudosos anos 80.

Cena extremamente bem projetada
Outro atrativo, além do caráter nostálgico, com certeza foi o fato de o filme seguir Joe, um garoto que recentemente perdeu sua mãe em um acidente de trabalho, e seus amigos enquanto produzem um filme amador de zumbis. Sempre fui apaixonado por produção cinematográfica, então para mim este foi um atrativo importante da história.

Filmagem amadora em padrão Super 8
Durante uma de suas filmagens, no verão de 1979, a equipe testemunha o descarrilamento de um trem do exército (em uma fantástica sequência de ação). Este fato levará a muitas mudanças na cidade e colocará a vida de todos em perigo. Não quero entrar muito na trama, pois acho que uma das melhores coisas ao assistir a um filme é quando nos surpreendemos.

O foco do filme é a amizade do grupo, o romance velado de Joe por Alice, assim como a tragédia familiar de Joe. Foi como se eu estivesse assistindo a um bom episódio de Buffy: A Caça-Vampiros, onde a trama do monstro-da- semana era só uma desculpa para tratar de temas relevantes e do inter-relacionamento dos personagens.

Outro ponto forte é a escalação e caracterização física do elenco. Não temos adolescentes maquiados, vestindo roupas transadas, parecendo adultos e que dirigem seus próprios carros. Eu não sei como os jovens de hoje conseguem se identificar com estes estereótipos de modelos que fogem da realidade da maioria dos púberes. O elenco não apresenta caras bonitinhas, mas sim bons atores que parecem com adolescentes normais que andam de bicicleta ou ônibus. Ou seja, pessoas de verdade vivendo vidas de verdade. O destaque do elenco vai para Elle Fanning, como Alice, que tem uma cara meio esquisita, mas é uma atriz incrivelmente talentosa.

Só faltou uma direção de fotografia mais parecida com as dos filmes a que homenageia/referencia. Parece-me que os filmes de hoje em dia tem seu visual muito trabalhado na pós-produção, perdendo a fotografia realista que tínhamos lá nos anos oitenta (vejam a bela fotografia de De Volta Para o Futuro, por exemplo).

Pena que lá perto do final começam as pirotecnias e a emoção humana que o filme vinha carregando se perde em meio a explosões e correrias. Mas no final o filme praticamente se recupera. Outra coisa que incomoda é a obsessão de Abrams por produzir reflexos de luz nas lentes da câmera, os quais contaminam todo o filme e tiram você da história de vez em quando.

No geral, um filme muito bom que resgata qualidades cada vez mais difíceis de encontrar nas produções atuais: emoção, diversão e empolgação. Ao contrário de um filme de ação vazio em que as pessoas sofrem e morrem e você não sente nenhuma empatia ou emoção, como na cinesérie “Transbosters”, por exemplo.

Altamente recomendável.

Super 8 (Super 8): 2011, EUA
Direção e Roteiro: J. J. Abrams
Elenco: Joel Courtney, Riley Griffiths e Elle Fanning

Nossa Avaliação:
Delta-Shield Prata

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