sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Sherlock Holmes I e II


CRÍTICA DE CINEMA


por Fargon Jinn

Re-assisti Sherlock Holmes (2009), e fui em seguida assistir ao novo filme (2011). Não me parece que seja algo que respeitou o espírito da obra de Sir Arthur Conan Doyle. Os contos deste personagem sempre foram inteligentes, absolutamente cerebrais, pouquíssima ação, mas nem por isso entediante.

Aliás, diria que é exatamente o contrário. As tramas e o acompanhamento do método dedutivo descrito nas histórias podem ser muitas coisas, menos cansativas. De fato, o leitor não consegue largar a leitura. A narrativa é extremamente dinâmica e na sua pouca atividade há muita agitação mental. É um espetáculo ver a inteligência embutida nas tramas criminosas e nos processos de dedução do nosso herói e seu sidekick Watson.

Os dois filmes, no entanto, são um fracasso neste aspecto. Enquanto nos perdemos em correrias e pancadarias, ficamos distraídos da falta de inteligência nestes roteiros. Neste último, em que conhecemos Moriarty, o temível arquiinimigo de Holmes, não vemos nada em especial na personagem. Fora a atuação impecável de Jared Harris (O Último dos Moicanos, 1992) Moriarty não nos assusta ou impressiona. Nos livros ou na série da BBC (ver belíssimo artigo de Fabok, Sherlock), o vilão é impressionante, suas ações e tramas o apresentam de forma magistral. É um choque ao vê-lo no final da temporada, na série de TV. Dá vontade de dizer a famigerada frase “Achei que você fosse mais alto!”. Mas não há nada de decepcionante. Já no seu clone cinematográfico, fiquei o tempo todo com a sensação de estar sendo enganado pelo diretor Guy Ritchie. E do 'cara' que dirigiu Snatch - Porcos e Diamantes (2000), eu sinceramente esperava muito, muito mais.

Estes dois Sherlock Holmes são muito divertidos. Robert Downey Jr. e Jude Law estão maravilhosos e dão um show de atuação e dedicação ao papel. Não deixa de ser um programa de primeira. Muitas risadas, ansiedades, adrenalina e aventura. Mas é isso. É um ótimo filme de uma boa aventura policial. Nada mais.

Em relação ao primeiro pude ver que no 'Jogo das Sombras' há um crescimento no desenvolvimento da trama e questões técnicas. Tudo é bem superior ao filme de 2009: som, iluminação, movimento de câmera, edição, efeitos e atuação. E, mesmo que na primeira meia hora do filme eu tenha tido dificuldade em permanecer acordado, no geral, este novo está bem melhor do que o primeiro.

Jared Harris é Professor Moriarty
Espero sinceramente que o terceiro, previsto para 2014, possa trazer uma trama com mais respeito à obra original, onde possamos ver mais sobre a arte dedutiva. Que parem de tentar dar a Sherlock um ‘que’ de homossexualismo em relação ao Dr. Watson. E que retratem Lestrade como um detetive inteligente e com sensibilidade suficiente para ver que está lidando com um mestre, ao invés daquele cansativo, e nada original, ar de vaidade ferida.

Ah! E, por favor, chega de Moriarty! Arthur Conan Doyle falou deste bandido umas poucas vezes dentro de tantas obras. Por que é que o cinema e a TV só trazem histórias com ele? Será que teremos que mudar o enfoque e tornar o tal Professor a principal personagem destas histórias?


Assistam, amigos exploradores, num cinema próximo de você. E vamos debater sobre a matéria... Coloquem seus comentários e vejam se haverão respostas. Até a próxima!

Sherlock Holmes: 2009, EUA
Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras (Sherlock Holmes: A Game of Shadows): 2012, EUA
Direção: Guy Ritchie
Elenco: Robert Downey Jr. e Jude Law

Nossa avaliação:
Delta-Shield Prata

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