sexta-feira, 23 de março de 2012

John Carter

CRÍTICA CINEMATOGRÁFICA
John Carter: Entre Dois Mundos


por Fargon Jinn

Ultimamente temos assistido a filmes que são um espetáculo visual, fotografia primorosa, efeitos visuais e sonoros impecáveis, CGI’s indistinguíveis de objetos ou seres reais, 3D’s cada vez mais bem utilizados fazendo, por vezes, nos esquecermos de que estamos vendo um filme, parecem cenas verdadeiras.

Martin Scorsese em Hugo (2012) nos conta um pouco dessa evolução
Voltamos então ao referencial de partida da espiral evolucionária que rege o cinema. A cada vez que uma nova tecnologia eclode e a vemos num filme, tudo o mais empalidece e nos perguntamos o que será do futuro do cinema. Nesta hora esquecemos do roteiro, da atuação, da direção de arte, etc. Quando nos acostumamos a esta nova evolução, voltamos a lembrar dos atores, do roteiro, do diretor, e vemos novamente do que se trata este mundo da sétima arte. Neste ponto da espiral em que estamos, o que aparece prá valer é o trabalho do ator, a direção e a contação de histórias.

O novo filme da Disney está neste patamar. Não temos mais tecnologias que nos mesmerizem, então sobra roteiro, atuação e direção para avaliarmos.

Andrew Stanton
O diretor de Procurando Nemo (2003) e Wall-E (2008), Andrew Stanton, não me agradou desta vez. E sou fã de todos os trabalhos que ele realizou até então. Parece que é uma fase em que a Pixar não está indo muito bem, pelo menos neste último ano. Carros 2 foi problemático, e agora o primeiro live action que eles realizam também não está fazendo jus a um nome tão bem construído, nas duas últimas décadas.

John Carter inicia com um desenvolvimento lento, com muita história, mas sem atrativos. Aos poucos passa de uma total inatividade para uma ação frenética, mas sem um enredo mais profundo, chegando a ser confuso. Acompanhamos uma história que se desenvolve sem dar à audiência uma noção da motivação de seus protagonistas, ou uma ideia do objetivo da trama.

As personagens principais não fazem o público se envolver emocionalmente com seus interesses. Faltam subtramas, não existem mensagens nas entrelinhas. O enredo é monodimensional, não instiga e não empolga.

A belíssima Lynn Collins, atuação pobre
Para piorar os atores principais, Taylor Kitsch e Lynn Collins (ambos de X-Men Origens: Wolverine, 2009), foram tão simplórios quanto o roteiro. Faltou, claramente, um trabalho de direção de atuação, e isto é, para mim, um ponto fortíssimo para se avaliar um bom diretor. Ilustra-se esse exemplo ao vermos a segunda trilogia de Star Wars, com atores do mais alto gabarito, mas pessimamente conduzidos, e o resultado é fácil de conferir. Liam Neeson, Natalie Portman e Ewan McGregor nunca estiveram tão mal em qualquer outra atuação, mas Lucas é um caso clássico de diretor fraco. Andrew Stanton, por outro lado, é estreante em live action, mas teve que dirigir personagens animados, e imagino que é até mais difícil. Uma vez que primeiro são feitas as vozes, e depois a animação através dos desenhistas e artistas de modelagem digital. Acredito, e assim dizem os diretores, que o trabalho de direção de animação é muito mais minucioso em todas as suas etapas, do que observar a atuação acontecendo num set, onde pode-se corrigir e explicar aquilo que se deseja, a qualquer momento.


Fotografia espetacular
Por outro lado, tecnicamente falando, John Carter é um filme perfeito, impecável em cada quesito, som (trilha sonora e edição), imagem (fotografia, edição e efeitos especiais), guarda-roupa, maquiagem, etc. Não pude observar nenhuma falha, nenhum erro de continuidade, nada. Nisso estão todos de parabéns.

As composições visuais são maravilhosas
Mas sabe quando você sai do cinema, e acabou de ver um filme maravilhoso? Saímos com vontade de conversar, de perguntar se todos os presentes observaram tal e tal cena. O que irá acontecer com o herói, ou se o vilão pode voltar? Mas John Carter, não. Saí do cinema e fomos falar dos eventos do dia. Pronto, o filme foi esquecido.

Um detalhe que ainda gostaria de acrescentar aqui. Os exploradores têm reparado como os filmes 3D estão ficando cada vez mais escuros? Os cinemas estão tentando economizar horas de lâmpada, energia elétrica, ou é falha técnica mesmo? É o segundo filme 3D que assisto no UCI do Iguatemi (Fortaleza), neste mês, e saio do cinema com os olhos cansados pela falta de luminosidade da tela. Um verdadeiro horror.

John Carter: Entre Dois Mundos (John Carter): 2012, EUA
Direção:
Andrew Stanton
História: Edgar Rice Burroughs
Baseado em: A Princess of Mars (E.R.Burroughs), 1912
Roteiro: Andrew Stanton, Mark Andrews e Michael Chabon
Elenco: Taylor Kitsch, Lynn Collins, Willem Dafoe e Samantha Morton



Nossa avaliação:

Delta-Shield Bronze

6 comentários:

  1. PArticularmente gostei do filme. Talvez porque tenha tido um roteiro mais trabalhado que o do livro. A Lynn COllins estava usando muita roupa pra ser uma Deja Thoris perfeita. BAsta ver as artes dos ilustradores e quadrinhistas que desenham a personagem pra ver que ela estava muito Disney :) E só agora percebi...É mais um filme de Princesa da Disney :)

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    1. É Jota, eu gostei da história, mas achei que o roteiro poderia ter sido melhor trabalhado. Ficou com cara de que muita gente meteu o bedelho e ferrou a fluidez. No geral eu gostei, mas ainda acho que houveram uns problemas graves. Mas com certeza este é um Bluray que terei.

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  2. Turma, não estou conseguindo ouvir os audios do podcast de vocês, ok? Tentei várias vezes e não consegui. Inapetencia minha ou há algum código frouxo por lá?

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    1. Realmente, está havendo algum problema com o mevio.com, e vou tentar descobrir o que deu errado. Obrigado pela força.

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  3. Bom Fargon, concordo em gênero e grau com o JJ. Gostei muito do filme e acho injusto seu fracasso nos EUA. No mercado internacional o filme está indo relativamente bem, inclusive aqui no Brasil ficou duas semanas em primeiro lugar. Achei muito superior ao superstimado Avatar que tem uma temática parecida.

    Até

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    1. Aí vc pegou pesado Fabok. Melhor que o Avatar!? Eu discordo com cada fibra do meu ser. Avatar é um filmaço. Nada de superestimado.
      Tudo bem, isso é minha opinião pessoal, mas foram poucos os filmes que me deixou de queixo caído durante quase 3 horas.
      E John Carter me deu sono... Achei que ele teve muita fidelidade com a obra, mas como disse o roteiro e os atores principais precisavam de um bom ajuste.
      Fargon Jinn

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