sexta-feira, 2 de março de 2012

M. Night Shyamalan e After Earth


SÉRIE PERSONALIDADES

por Fargon Jinn

Este é um nome que sempre me causa certa ansiedade.

M. Night Shyamalan
Como a maioria de nós, tive contato com a obra deste contador de histórias em O Sexto Sentido (1999). Foi um filme que me fisgou na primeira cena. E posso dizer apenas uma pequena frase para elucidar o impacto que o filme teve em mim: Foi uma experiência perfeita!

Fiquei mesmerizado até a última cena do filme. Os créditos serviram para ir esfriando a cabeça fervilhante e aliviando a tensão emocional. Infelizmente é do tipo de filme que você assiste apenas uma vez. As seguintes não vão conseguir lhe causar os mesmos efeitos. Eu tenho o DVD, e já revi algumas vezes, mas apenas para aprender com o diretor. Gosto também de passar para pessoas que nunca viram (um evento raro), para observar suas reações. Tentem, é maravilhoso.

Os quatro grandes
Então restou-me esperar por suas novas obras. E não me decepcionaram. Em 2000 tivemos Unbreakable (me recuso a usar o título brasileiro), Sinais (2002) e A Vila (2004), são filmes que me pegaram tão facilmente quanto o primeiro e, igualmente, me surpreenderam de forma espetacular.

Os outros filmes de sua carreira já mudam de estilo narrativo, e embora sempre veja o reflexo de sua genialidade em cada roteiro, não são trabalhos que se possam classificar tão bem quanto os primeiros que mencionei.

Sempre que alguém quiser argumentar, negativamente, comigo sobre Shyamalan encontrará uma barreira intransponível. Poucos diretores e roteiristas conseguiram causar em mim, uma vez, o que ele fez por quatro vezes. E podem dizer o que quiserem: que seus filmes não são mais os mesmos; que o sucesso subiu à cabeça e agora ele não tem mais os estímulos de antes; que ele só tinha aquilo e agora está esgotado; etc.

Ele fez quatro vezes, e isso é mais do que todos os demais já fizeram.

Filmagens nas paisagens da Costa Rica
'Tá certo, ele não tem feito mais nada que chegue perto dos primeiros, mas o vício está ali. Algo como aquelas drogas que dizem viciar desde a primeira vez. A cada nova produção fico esperando a doze de 'hipnotizol' e acho que vou ficar esperando para sempre. Agora ele vem com After Earth (2013). As filmagens já começaram, e me recuso a ter noção do que está acontecendo. Sei que se trata de um filme de ficção futurística, algo com uma Terra pós-apocalíptica. Will Smith e seu filho Jaden voltam a atuar juntos, e isso me preocupa. Mr. Smith está mais interessado com a imagem de seus personagens do que com os roteiros, e interferir no processo criativo de Shyamalan, estando junto com seu filho, para ele é muito fácil.

Jaden Smith cena de After Earth (2013)
Na história, aparentemente, pai e filho caem num planeta selvático, para descobrirem que se trata do nosso planeta, agora 'ancestral'. Eles iniciaram suas filmagens no dia 6 de fevereiro, nas florestas da Costa Rica. E em alguns dias estarão filmando na Filadélfia. As filmagens devem ir até o final de abril, e então começa a edição e pós-produção para o lançamento, esperado para os feriados de ação de graças, final de novembro do ano que vem.

Bom, temos aí uma parceria que pode nos trazer um resultado inusitado.

Um fiasco e um desrespeito à obra
Com exceção do À Procura da Felicidade (2006), não consegui gostar de nada de Will Smith desde MIIB – Homens de Preto II (2002). Uma década inteira com apenas um filme bom. Esperei muito, em 2004, de “Eu, Robô” (sou fã incondicional de Isaac Asimov), mas tive uma violentíssima decepção. Hancock (2008), foi levemente divertido, daqueles filmes que você sai do cinema e esquece o que assistiu. As conversas divergem para qualquer outro assunto, menos para a história que acabou de ver. Isso me frustra. Gosto de conversar após uma sessão de cinema, prolonga-se a experiência, ressalta detalhes despercebidos, esclarecem-se dúvidas, surgem discussões sobre a temática e, algumas vezes (hoje em dia cada vez menos), rimos pelo resto da semana de uma excelente comédia.

Disto pode se concluir qual a importância do cinema em minha vida. Em cada um do O Senhor dos Anéis (2001 a 2003), por exemplo, saí das sessões vibrando, querendo dar socos para cima, conversei com amigos e a família, reli os livros, comprei os DVD's e revivi a experiência completamente, várias vezes. É isso o que procuro num bom filme. Mas é o que menos se obtém hoje em dia. E a cada dia está mais raro.

Mas alguém pode falar: - E Shyamalan? Suas experiências positivas, come ele, acabaram em 2004! Está pior do que os do Will Smith!

Obra prima da contação de história
Não, isto não é verdade. Eu gostei de todos os filmes de M. Night: A Dama na Água (2006), Fim dos Tempos (2008) e mesmo o fracassado “O Último Mestre do Ar” (2010), para mim são filmes que me deram a experiência completa. Saí dos cinemas conversando sobre o que vimos, revi os filmes em casa, e ainda hoje os assisto. São controversos, eu sei, mas são obras autorais, com uma linguagem própria, sofisticada, cheia de camadas. E de uma beleza plástica única. A cada vez que revejo algum, observo com mais clareza um ponto que estava obscuro.

Agora, estou nesta expectativa. Esta filmagem que já sofreu vários problemas, principalmente de roteiro, já que os produtores recusaram os originais de Shyamalan, mas já decolou e está indo com força. Estou na torcida para que seja algo valoroso e que agrade o grande público. A família Smith tem esse dom, esse charme, e o toque de Midas. Vamos esperar que eles sejam a boa estrela na carreira deste nosso roteirista e diretor, contador de boas histórias.

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