por
Fabok
Recentemente,
tive a oportunidade de finalizar a segunda e última temporada de V. Série que foi cancelada. Refilmagem
ou reinterpretação do clássico dos anos oitenta, a nova V teve um início promissor, mas a falta de foco da primeira temporada
acabou por espantar a enorme audiência conquistada na exibição do primeiro
episódio.
Morena Bacarin como Ana |
A premissa da
série é a mesma. Uma frota de naves alienígenas chega à Terra e sua líder
oferece aos humanos uma nova era de paz e progresso tecnológico. Na verdade, os
Visitantes têm uma agenda própria que ameaça a existência
da humanidade.
Na série
original, a real missão dos Visitantes era roubar água e usar-nos como comida. De
fato, eles eram répteis que escondiam sua forma verdadeira por trás de uma
aparência humana. A grande sacada do seriado era a analogia, nada sutil, ao nazismo.
Os uniformes, o comportamento e até o símbolo dos alienígenas remetiam aos
regimes fascistas da Segunda Guerra. Era a expressão "Lobo em pele de
cordeiro", ou melhor, "Lagarto em pele de Humano" na sua melhor
forma.
Já, em V de 2009, demorou-se muito tempo até
que os reais motivos dos Visitantes fossem revelados. Não vou dizer aqui quais
eram eles, mas já adianto que são bem diferentes dos da série original. Em boa
parte da primeira temporada um pequeno grupo de humanos, do nada, desconfia da
extrema benevolência dos alienígenas e começa meio que no grito a tentar minar
os planos de Ana, interpretada pela atriz brasileira Morena Bacarin.
O problema da
série foi o uso excessivo de personagens clichês, "a quinta coluna", nome
do movimento de resistência, é composta pelos personagens mais previsíveis
possíveis: o alienígena que se volta contra sua espécie, o padre que vê nos
Visitantes uma ameaça à sua crença, a agente do FBI que passa a combatê-los e
seu filho que os idolatra e que, mais ainda, “atenção”... se apaixona pela filha da comandante alienígena que, mesmo sem
saber, a faz mudar de lado. Meio óbvio, não?
Jane Badler como Diana V (1983) |
Apesar disso,
o elenco consegue passar um pouco de credibilidade às personagens. É muito
divertido assistir ao cinismo de Ana. "Nossa,
esses humanos são muito trouxas" tá escrita em sua face, a cada
encontro com os de nossa espécie. Num episódio ela vai ao Vaticano buscar apoio
da Igreja, só para, sem nenhuma cerimônia, chantagear o alto clero... impagável.
Outra coisa
que me causou estranheza foram os efeitos visuais. Eles vão dos mais incríveis
aos piores possíveis em questão de segundos. No episódio do Vaticano, nunca vi
um efeito de Chroma Key, aquele em
que um fundo verde é substituído por um cenário, tão mal feito. Outra vítima
desta irregularidade dos efeitos são as tomadas dentro da nave mãe, feitas em
cenários virtuais, assim como as que mostram a real forma dos Visitantes, e que
ficam, em diversas ocasiões, muito artificiais.
Uma das
atrações da segunda temporada foi a entrada da atriz Jade Badler, a vilã Diana
da série original, aqui fazendo o papel da mãe de Ana e que acaba por roubar
todas as cenas em que aparece. Com a ameaça do cancelamento, os produtores
deixaram a série mais ágil e muito mais interessante, mas já era tarde demais.
O excelente último episódio deixou várias pontas soltas que infelizmente jamais
serão resolvidas. E nos momentos finais mais um ator da série original é
introduzido, o canastrão Marc Singer vive aqui o general Las Tremont que teria
um papel importante na terceira temporada.
Jane Badler atualmente |
Apesar do
cancelamento, V 2009 vale ser
conferida, mesmo que seja apenas para ser comparada à sua antecessora. Talvez
se ela fosse produzida como minissérie, com um roteiro mais enxuto e focado,
poderíamos ter descoberto se os Visitantes e seus planos teriam sucesso ou não.
Delta-Shield Bronze |
A série tinha tudo para ser boa, mas a lentidão da trama e os protagonistas chatos, a deixaram boba e sem sentido. Uma pena.
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